Crescem as ameaças entre vários países europeus – França, Holanda, Reino Unido – e ainda o Canadá contra Israel, com esses países exigindo que Israel pare com a sua campanha militar em Gaza e que levante as restrições para a entrada de ajuda humanitária no enclave.
Esta tensão cresceu há pouco com a ameaça do ministro dos Negócios Estrangeiros francês Jean-Noel Barrot em rever o acordo da associação entre a União Europeia e Israel. As ameaças dos vários países são de serem tomadas “mais acções concretas” caso Israel não resolva como deve ser a situação humanitária no enclave. O líder francês alegou apoiar a iniciativa holandesa de rever o acordo, o que poderá afectar os laços políticos e comerciais entre a UE e Israel.
O comentário do ministro francês surgiu há pouco, durante a reunião em curso do Conselho para os Assuntos Estrangeiros, em Bruxelas, onde se espera venha a ser abordado o acordo de associação entre Israel e a UE, que é o maior parceiro comercial de Israel.
O ministro francês alegou que “a situação é insuportável por causa da violência cega e do bloqueio da ajuda humanitária pelo governo israelita, que transformaram Gaza num campo de morte, se não até num cemitério.” Segundo Barrot, a campanha militar de Israel é “uma violação total de todas as regras da lei internacional, e contrária à segurança de Israel – com a qual a França está comprometida – porque quem semeia violência colhe violência.” Barrot afirmou ainda que a actual entrada de camiões é insuficiente.
Segundo um relatório há pouco divulgado por um oficial de topo da ONU, podem morrer 14 mil bébés em Gaza nas próximas 48 horas caso a ajuda não chegue a tempo.
MACRON CONTRA ISRAEL
Um comunicado emitido ontem pelo gabinete do presidente francês Emanuel Macron, para além da exigência já citada acima, Macron ameaça Israel com as seguintes palavras: “Não ficaremos de braços cruzados enquanto o governo Netanyahu continua com essas acções ultrajantes. Se Israel não interromper a nova ofensiva militar e suspender as restrições à ajuda humanitária, responderemos com novas medidas concretas.”
RESPOSTA DE NETANYAHU AO CANADÁ, REINO UNIDO E FRANÇA
Em resposta às ameaças de ontem emanadas dos governos destes 3 países contra Israel, Netanyahu respondeu: “Ao pedirem que Israel acabe com a guerra pela nossa sobrevivência antes que os terroristas do Hamas na nossa fronteira sejam destruídos, e ao exigirem o estabelecimento de um estado palestiniano, os líderes em Otawa, Londres e Paris estão oferecendo um avultado prémio pelo ataque genocida a Israel no 7 de Outubro, ao mesmo tempo que convidando a novas atrocidades.
A guerra começou em 7 de Outubro, quando terroristas palestinianos romperam as nossas fronteiras, assassinaram 1.200 pessoas inocentes e sequestraram mais de 250 pessoas inocentes para prisões em Gaza.
Israel aceita a visão do presidente Trump e apela a todos os líderes europeus para que façam o mesmo. A guerra pode acabar amanhã se os reféns ainda cativos forem libertados, o Hamas depuser as suas armas, os seus líderes criminosos forem expulsos e Gaza for desarmada. Nenhum país aceitaria menos do que isso, e Israel não o fará com certeza.”
HAMAS DÁ AS BOAS VINDAS ÀS AMEAÇAS CONTRA ISRAEL
O Hamas saudou entretanto o anúncio feito pelos 3 países: “Saudamos a vossa oposição de princípio à política fascista da morte pela fome, expulsão e genocídio.”
100 CAMIÕES VÃO HOJE ENTRAR EM GAZA
Nos últimos minutos foi entretanto divulgada a notícia de que a ONU terá recebido permissão das autoridades israelitas para a entrada ainda hoje de 100 camiões com ajuda humanitária em Gaza. No dia de ontem entraram 9 camiões em Gaza através do acesso de Kerem Shalom.