No Dia Internacional da Família, a Portas Abertas conta a história de Alya*, uma cristã secreta que encontrou Jesus enquanto procurava um local seguro para viver com os cinco filhos na Síria. Casada aos 13 anos com um homem de 40, a mulher observava os preceitos da religião islâmica enquanto vivia na cidade de Deir Ez-Zor. Mas em 2012, tiveram que fugir para Raqqa, que ainda estava sob a liderança do governo. Dois anos depois, o Estado Islâmico reivindicou o território como a capital do grupo, foi quando as coisas começaram a mudar completamente.
A família de Alya não conseguiu fugir da cidade e teve que se adaptar aos costumes dos radicais islâmicos, como o uso de túnicas pretas para cobrir completamente o corpo. A aparente preocupação com a moralidade não conseguiu encobrir os assassinatos cometidos pelos extremistas. “Vimos muitas coisas terríveis. Cabeças de pessoas presas em cercas. Sacos cheios de cabeças humanas. Um dia, eu estava indo para uma loja, havia uma multidão de pessoas e eu fui lá ver. Eles estavam decapitando pessoas”, relembra.
Uma vítima do Estado Islâmico em casa
Neste período, a família já não tinha nenhum bem ou dinheiro, mas sentiu a angústia aumentar ao perder o contato com um dos filhos. “Não sabíamos nada sobre ele, mais tarde descobrimos que ele havia morrido. Estava em um ônibus que foi bombardeado”, conta a síria. Porém, em 2016, a situação de Alya e dos filhos ficou insustentável, quando um dos radicais viu uma das filhas dela sem estar totalmente coberta. Eles reclamaram do “mau comportamento” da jovem e pediram que ela fosse levada até o bando no dia seguinte.
Alya temeu pelo futuro da jovem, juntou o pouco dinheiro que tinha e fugiu com a família para Damasco. O destino final era Qamishli, lá a síria tinha uma irmã e um dos filhos poderia estudar. Quando desembarcaram no aeroporto da cidade onde pretendiam morar, todos descobriram que as malas tinham desaparecido e o pânico tomou conta deles. Porém, um homem desconhecido apareceu oferecendo ajuda. Ele se apresentou como o pastor George Moushi*, Alyia ficou desconfiada e recusou a assistência, mas guardou o cartão de visita do líder cristão.
Memória que trouxe esperança
Ao chegar na residência da irmã, a mulher percebeu que o local não comportaria toda família e logo começou a procurar um outro imóvel para morar. Nessa ocasião, um proprietário ofereceu o imóvel em troca de favores sexuais de Alya. Ela chegou a ficar doente e ir até o hospital diante da humilhação. Sem ter para onde correr, ela se lembrou do cartão de visita e entrou em contato com o pastor George. Por meio dele, ela conseguiu um lar para a família e notou algo diferente no líder cristão. “Vi que o pastor era um homem honesto e queria saber mais sobre a igreja dele”, revela.
Logo Alya começou a frequentar os cultos e conhecer os cristãos locais. “O que realmente me atraiu foram o pastor, sua esposa e sua mãe. Eles me ajudaram, me perguntavam como eu estava e cuidaram de mim. A igreja parecia uma grande família”, conta. As passagens bíblicas que escutava na Bíblia em áudio deixaram a muçulmana confusa e logo ela estava falando com Cristo durante as orações. “Comecei a conversar com Jesus. Eu percebi que não foi por acaso que viemos para Qamishli. Jesus queria que eu estivesse naquele lugar”, conclui.
A família de Alya percebeu as mudanças na vida dela e o irmão que enviava ajuda financeira interrompeu a assistência. Ela e o marido passaram a recorrer à igreja local. “Eu disse a Deus: Agora você é responsável por mim. Como sua filha, eu só tenho você. Sem a ajuda de Cristo e da igreja, não teríamos nada”, relembra. Hoje ela reconhece que teve os olhos abertos para a vida e espera que os demais parentes encontrem a Cristo e sejam salvos. “Perdemos nosso filho, mas vi como Deus deu o único Filho dele por nós. Fiquei tão rica porque encontrei o verdadeiro tesouro, um que não tinha antes”, comemora.
*Nomes alterados por segurança.