O Exército de Israel enviou reforços para a ocupada Cisjordânia nesta terça-feira (28), horas antes da administração Trump divulgar o seu plano de paz para o Oriente Médio. Trump deve anunciar plano às 14h do horário de Brasília.
Os palestinos rechaçaram o plano, que deve ser favorável a Israel e abrir caminho para a anexação de diversos territórios na Cisjordânia.
As expectativas são de que o presidente Donald Trump anuncie detalhes do plano nesta terça-feira (28), às 14h no horário de Brasília.
Na segunda-feira (27), palestinos convocaram protestos e não está excluída a possibilidade de confronto com tropas de Israel.
Durante a mais recente campanha eleitoral, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, prometeu anexar partes do território ocupado do Vale do Jordão, equivalentes a um quarto da Cisjordânia.
Israel ocupa a região desde a guerra de 1967. De acordo com a Resolução da ONU que criou o Estado de Israel, em 1948, a Cisjordânia seria parte do Estado da Palestina.
Preparativos em Washington
O presidente dos EUA, Donald Trump, irá revelar os detalhes de seu “acordo do século” na Casa Branca, onde recebe o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu rival político, Benny Ganz.
As autoridades palestinas, que rejeitaram o plano ainda antes da fase de publicação, não foram convidadas para ir a Washington.
“Eles [os palestinos] provavelmente não vão querer [apoiar o plano] inicialmente”, afirmou Trump. “Mas no fim eles vão […] é muito bom para eles. Na verdade, é bom até demais para eles.”
Netanyahu declarou que os líderes têm a possibilidade de “fazer história” e definir as fronteiras finais de Israel. O primeiro-ministro israelense convidou líderes de vários assentamentos nos territórios ocupados para acompanhá-lo a Washington.
Reação na Palestina
Os palestinos rejeitaram o “acordo do século” desde seus primeiros estágios de elaboração, por não considerarem a administração Trump um intermediário imparcial para o conflito.
Desde o início de seu mandato, Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel, modificando a posição tradicional dos EUA e reinterpretando diversas resoluções da ONU.
Posteriormente, o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, declarou que os EUA deixariam de considerar os assentamentos israelenses como “em desacordo com o direito internacional”. Finalmente, os EUA pararam de enviar a sua contribuição para a UNRWA, agência da ONU encarregada de fornecer ajuda humanitária aos refugiados palestinos.
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) cortou relações com Washington. Nessa semana, o presidente da ANP, Mahmoud Abbas, reafirmou sua posição “clara e resoluta” de não apoiar nenhuma inciativa de paz proposta pela administração Trump.
O primeiro-ministro palestino, Mohammad Shtayyeh, rejeitou a proposta de Trump, antes mesmo de sua publicação:
“Não passa de um plano para acabar com a causa palestina”, disse o primeiro-ministro.
“Nós rejeitamos [o plano] e pedimos à comunidade internacional que não a endosse, porque ela contradiz os fundamentos do direito internacional e os direitos inalienáveis do povo palestino”, acrescentou Shtayyeh.
A administração Trump confirmou que falou “brevemente” com os palestinos sobre o plano.
“Nós vamos falar com eles [palestinos] em um período de tempo”, disse Trump. “E eles têm muitos incentivos para aceitar. Eu tenho certeza que eles vão reagir mal no começo, mas na verdade [o plano] será muito positivo para eles.”
A Casa Branca adiou a publicação do plano algumas vezes, aparentemente em função de dificuldades ligadas à política externa israelense. Israel realizou quatro eleições gerais em 2019, e ainda encontra dificuldades para formar um governo.
Fonte: Sputnik.