Em entrevista nesta terça-feira (26), o principal general de Israel falou que o país está revendo seus planos operacionais contra o Irã e afirmou que qualquer retorno dos EUA a um acordo nuclear de com Teerã seria “errado”.
Os comentários do chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel sobre a formulação de políticas são raros e provavelmente teriam sido pré-aprovados pelo governo israelense, escreve o jornal Times of Israel.
Aviv Kohavi, aparentemente, fez suas declarações em direção ao presidente dos EUA, Joe Biden, em um apelo por cautela em qualquer compromisso diplomático que venha a ser feito com o Irã.
Para ele, “um retorno ao acordo nuclear de 2015, ou mesmo se for um acordo semelhante com várias melhorias, é ruim e errado de um ponto de vista operacional e estratégico”, disse em um discurso ao Instituto da Universidade de Tel Aviv para estudos de segurança nacional.
O antecessor de Joe Biden, Donald Trump, abandonou o acordo nuclear em 2018, uma medida que foi saudada pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, que criticou o alívio das sanções oferecido e alertou sobre a probabilidade do desenvolvimento de armas nucleares no Irã.
Desde que Washington desistiu do acordo, o governo iraniano tomou uma série de medidas, como acumular seu estoque de urânio de baixo enriquecimento, e enriquecer o urânio até níveis mais elevados, práticas proibidas pelo acordo.
Kohavi disse que as ações do Irã, que nega estar buscando armas atômicas, mostraram que o país pode decidir avançar rapidamente na construção de uma arma nuclear.
“À luz dessa análise fundamental, instruí as Forças de Defesa de Israel a preparar uma série de planos operacionais, além daqueles já em vigor”, disse Kohavi.
“Caberá à liderança política, é claro, decidir sobre a implementação, mas esses planos precisam estar sobre a mesa”, afirmou.
O chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel expôs sua avaliação da segurança em um amplo discurso. “A situação estratégica do Estado de Israel está em uma tendência de melhoria”, disse Kohavi. “Mas tudo pode mudar. Por mais que tenhamos sucesso, o inimigo também pode, no final, ter sucesso”.
Em seu discurso, Kohavi fez um aparente apelo por um aumento no orçamento de defesa. “Estou ciente das dificuldades sociais. Vivemos com o povo. Somos um exército do povo. Mas eu tenho que te dizer uma coisa. Os foguetes e mísseis iranianos, eles não tossem, eles não ficam doentes. Eles não perdem o fôlego. Os mísseis não adoecem, mas podem ser disparados no momento em que o outro lado decidir”.
Ao fim, ele ainda concluiu relembrando que, em 2020, três israelenses foram mortos em ataques relacionados à segurança, o menor número de mortes desse tipo na história do país.