Vladimir Zarudnitsky, general do alto escalão do exército da Rússia, afirmou em artigo publicado nesta quinta-feira, 7, que a guerra na Ucrânia pode transbordar para o resto da Europa, tornando-se um conflito em escala continental. Segundo ele, as chances disso acontecer estão aumentando “significativamente”.
“A possibilidade de uma escalada do conflito na Ucrânia – desde a expansão dos participantes com ‘forças por procuração’, usadas para o confronto militar com a Rússia, até uma guerra em grande escala na Europa – não pode ser descartada”, disse ele, segundo a agência de notícias estatal RIA.
Ameaças do Ocidente
O coronel-general, que é chefe da Academia Militar do Estado-Maior do exército russo, escreveu sobre este cenário em um artigo para a revista “Pensamento Militar“, do Ministério da Defesa. No texto, ele ecoou o discurso do presidente russo, Vladimir Putin, sobre a suposta ameaça dos Estados Unidos e seus aliados contra Moscou.
“Estão conduzindo um novo tipo de guerra híbrida, a fim de enfraquecer a Rússia de todas as formas possíveis, limitar a sua soberania e destruir a sua integridade territorial”, afirmou. “A probabilida do nosso Estado ser propositadamente arrastado para novos conflitos militares está aumentando significativamente”, completou, dando a entender que uma expansão da guerra seria culpa dos aliados da Ucrânia, e não da Rússia.
A narrativa do Kremlin é que a invasão da Ucrânia, há dois anos, tinha por objetivo garantir a segurança da própria Rússia contra um vizinho cada vez mais hostil, apoiado por Washington. Kiev, por sua vez, diz que está se defendendo contra uma guerra de estilo imperial, cuja meta é não só conquistar território, mas também apagar a identidade nacional.
Tensões em alta
A guerra na Ucrânia desencadeou a crise mais profunda nas relações da Rússia com o chamado mundo ocidental desde a crise dos mísseis cubanos, em 1962. Putin já alertou que os Estados Unidos e seus aliados da Otan correm risco de provocar uma guerra nuclear caso enviem seus próprios soldados para lutar em solo ucraniano.
Os comentários de Zarudnitsky ocorrem ao mesmo tempo que os aliados da Ucrânia lutam para tentar ajudar o país em guerra, com o envio de mais armas e pacotes de financiamento. Isso depois da fracassada contraofensiva de Kiev no ano passado, e num momento em que as forças russas parecem ter recuperado a iniciativa no campo de batalha.
Fonte: Veja.