A Guiana anunciou nesta quinta-feira (26) a descoberta de uma nova reserva significativa de petróleo em águas marítimas reivindicadas pela Venezuela. Banhada pelo oceano Atlântico ao Norte, a região de Essequibo, alvo de uma disputa histórica entre os dois países da América do Sul, tem 160 mil quilômetros quadrados e é administrada pela Guiana.
Por conta desse embate, o governo de Nicolás Maduro planeja realizar um referendo nacional para decidir se anexa ou não a região em disputa. Enquanto isso, a gigante americana de petróleo ExxonMobil revelou ter descoberto uma nova reserva de hidrocarbonetos na região, que vai passar por um “abrangente processo de avaliação”.
A expansão petrolífera na Guiana tornou o país com o maior índice de crescimento mundial: só neste ano, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), já ultrapassa 38%. No ano passado, o número chegou a 62,3% de aumento econômico, em um país que entre 2006 e 2022 viu a taxa de pobreza cair de 60% para 40%. O país tem pouco mais de 800 mil habitantes e é o único da América do Sul que tem o inglês como idioma oficial.
As descobertas foram realizadas pela empresa americana, que atua no país desde 2015 — ao todo, foram 46 reservas encontradas, sendo quatro só neste ano. A região de Essequibo corresponde a mais de dois terços do território da Guiana, que é reivindicado pela Venezuela.
Fronteira estabelecida em 1899
Antiga colônia holandesa e britânica que só se tornou independente em 1996, a Guiana afirma que a fronteira com a Venezuela foi estabelecida por um tribunal de arbitragem em 1899. Porém, o país alega que a bacia do rio Essequibo forma uma fronteira natural e é reconhecida como território desde a independência da Espanha, em 1811. O caso já chegou à Corte Internacional de Justiça em Haia.
Com as descobertas de petróleo iniciadas há oito anos, a disputa se intensificou a ponto da Venezuela anunciar um referendo para 3 de dezembro, onde a população vai decidir se o país deve ou não anexar a área. A Guiana tem o apoio da Comunidade do Caribe (Caricom) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) ao classificar como ilegal a convocação do pleito.
Em comunicado na última quarta, a Caricom disse que o referendo “não tem validade, relevância ou reconhecimento no direito internacional” e acrescentou que “espera sinceramente que a Venezuela não esteja levantando a perspectiva de usar a força ou meios militares.”
A Guiana denuncia que o país vizinho enviou 200 soldados para a região da fronteira, que alegou ter o objetivo de combater a mineração ilegal.