A pandemia de coronavírus causou a pior crise económica em quase um século e exacerbou os problemas globais existentes, afirmou António Guterres, Secretário-Geral da ONU, durante o seu discurso esta segunda-feira na 51ª edição do Fórum Económico de Davos.
“Observamos o impacto da emergência de covid-19. Mais de dois milhões de pessoas morreram e estamos na pior crise econômica em quase um século, […] se há uma palavra que caracteriza o mundo hoje, é fragilidade”, observou Guterres.
A crise destacou as desigualdades entre as pessoas e os países. Ao mesmo tempo, a situação ecológica se agravou, pois o mundo “está travando uma guerra contra a natureza, destruindo nosso sistema de suporte de vida, enquanto a natureza está lutando para trás.” Também há fragilidade no ciberespaço, “na ausência de consenso sobre como aproveitar ao máximo o mundo digital do qual todos dependemos cada vez mais”, disse ele. Além disso, o alto funcionário insistiu que “a fragilidade no regime de desarmamento e os riscos crescentes de proliferação de armas nucleares e químicas são palpáveis”.
Ele enfatizou que as divisões geopolíticas podem levar a uma “grande fratura” e ao surgimento de dois blocos rivais com suas próprias economias, sistemas financeiros, regras comerciais, a Internet e sua “geopolítica de soma zero”. Do ponto de vista deles, é necessário fazer todo o possível para evitar tal divisão. Guterres acredita que hoje é necessário “uma economia global com respeito universal ao direito internacional, um mundo multipolar com instituições multilaterais fortes”.
De acordo com o Secretário-Geral da ONU, todas essas ameaças e obstáculos ao progresso requerem diálogo e colaboração. “Chegamos ao momento da verdade, […] é hora de mudar de rumo e seguir o caminho sustentável. E, este ano, temos uma oportunidade única de fazê-lo. Podemos aproveitar nossa recuperação do covid-19 pandemia para passar da fragilidade à resiliência “.