Enquanto Israel dispõe de tecnologias de ponta, como caças supersônicos que não são detectados por radar e um sistema de defesa antimíssil, conhecido como “Domo de Ferro”, o grupo armado Hamas, que controla a Faixa de Gaza, diz que parte do seu arsenal foi produzido internamente – mas há suspeita de que países como Irã e Emirados Árabes Unidos e até magnatas árabes do petróleo tenham contribuído com armamento.
O confronto teve início no sábado (7) em um ataque-surpresa do Hamas com o lançamento de centenas de foguetes contra o território israelense. Nesta segunda-feira (9), Israel afirmou que restabeleceu o controle ao redor da Faixa de Gaza e bloqueou o fornecimento de eletricidade, comida e combustível.
De onde pode ter vindo apoio ao Hamas
- A Faixa de Gaza, sob controle do grupo extremista Hamas, é um pequeno território na costa do Mar Mediterrâneo cercado quase totalmente por território israelense. Com barreiras de arame farpado, muralhas e postos de controle, Israel domina o acesso terrestre à Gaza.
- Ao sul, Gaza faz fronteira com o Egito, que estaria comprometido em um acordo com Israel a impedir a chegada de armas.
- Durante muito tempo, acreditava-se que a rota principal de contrabando seria por túneis da Península do Sinai, no Egito, para Gaza. O Egito tentou criar uma zona tampão, com muros de concreto.
- Especialistas, porém, desconfiam que haja apoio militar externo, como do Irã e do grupo Hezbollah, do Líbano.
“Grupos religiosos extremistas, magnatas do petróleo a gente imagina que possam oferecer esse apoio para o Hamas. Particularmente, de Arábia Saudita, Qatar, Emirados Árabes Unidos e Bahrein”, explica Baghdadi.
Veja a diferença entre os arsenais:
HAMAS
- O Hamas diz que parte do seu arsenal é produzido artesanalmente a partir de sobras de armamentos antigos.
- Documentário produzido pela TV Al Jazeera, do Qatar, mostra integrantes do grupo vasculhando destroços e recolhendo armas e munições de outros ataques israelenses para reutilizá-las.
- Imagens do documentário também mostram combatentes do grupo islâmico mergulhando no Mar Mediterrâneo atrás de bombas não detonadas de navios naufragados na região durante a Segunda Guerra Mundial – embora especialistas avaliem como improvável que essas armas teriam ainda algum uso.
- O Hamas opera uma variedade de mísseis de longo alcance como o M-75 (que chega a 75 km) o Fajr (até 100 km) e o R-160 (até 120 km). Também conta com alguns M-302s, que chegam ainda mais longe, até 200 km.
- Apesar de divulgar imagens produzindo armas e exibindo mísseis, o Hamas não divulga informações sobre o tamanho de seu exército ou seu poderio bélico total.
- A aposta de especialistas é de que o armamento não tenha se resumido a essas produções, mas que o Hamas tenha tido apoio externo e que o armamento tenha entrado por via marítima.
- Por terra: No ataque de sábado, o Hamas furou esse bloqueio por terra ao conseguir cortar cercas em alguns pontos e avançar sobre o território israelense a pé e em motocicletas.
- Por ar: Imagens mostram também integrantes do Hamas invadindo Israel pelo ar a bordo de parapentes.
ISRAEL
- O poder bélico de Israel é consideravelmente maior que o do Hamas. O porte de sua Força Aérea, seus drones armados e sofisticados sistemas de inteligência e coleta de informação permitem que o país atinja praticamente qualquer alvo em Gaza.
- Os israelenses contam com um escudo antimíssil, conhecido como “Domo de Ferro“. A tecnologia é resultado de uma parceria com os Estados Unidos e começou a operar no território em 2011. O sistema conta com diversos instrumentos de monitoramento, como radares, que conseguem identificar ataques inimigos e destruir mísseis a quilômetros de distância. (Veja foto abaixo.)
- Israel não diz o tamanho total do seu exército. Informa apenas que tem dezenas de milhares de combatentes e que 300 mil reservistas foram convocados.
Por que, mesmo mais forte, Israel foi atacada?
O ataque do grupo é considerado o maior da história do conflito em Israel e analistas dizem que a potência foi surpreendente, já que o Hamas tem menos poder militar que o país. Para os especialistas, a resposta é uma falha de segurança.
O país possui uma das redes de inteligência mais extensas e sofisticadas do Oriente Médio e tem informantes em grupos militantes não apenas nos territórios palestinos, mas também no Líbano, na Síria e em outros locais.
“Israel sempre foi muito avançado em relação à segurança na área de Gaza, evitando essas formas de ataque. Depois desse conflito, o premiê Netanyahu pode ser questionado sobre isso. Israel não estava preparada como se imaginava”, diz o comentarista da GloboNews, Guga Chacra.
À BBC, representantes do governo de Israel disseram que há uma investigação em andamento para descobrir como o sistema de inteligência não foi capaz de antecipar o ataque coordenado.
Fonte: BBC.