O conflito entre Israel e os Houthis no Iémen continua a aumentar. Os Houthis anunciaram a sua disponibilidade para atacar os navios israelitas que passam pelo estratégico estreito de Bab al-Mandeb. Desde o início das hostilidades, em 7 de outubro, os Houthis dispararam mais de 200 foguetes e 170 drones contra Israel. No entanto, esses ataques causaram danos mínimos, ou mesmo algum efeito significativo.
O principal impacto dos Houthis foi no comércio internacional. Ameaças e ataques levaram ao reencaminhamento das rotas marítimas do Canal de Suez em torno do Cabo da Boa Esperança, em África. Esta mudança causou um declínio temporário nas importações da Ásia para a União Europeia, bem como uma queda de 10% no comércio global e um aumento nos custos de transporte.
No entanto, para Israel o impacto foi limitado. Segundo estudo do Banco de Israel, as importações do país provenientes da Ásia não sofreram alterações significativas e o aumento dos preços de importação foi moderado e não ultrapassou os indicadores mundiais. A principal razão para a estabilidade é que apenas cerca de 5% das exportações israelitas para a Ásia – cerca de 3,4 mil milhões de dólares – passam por rotas marítimas. Ao mesmo tempo, as importações marítimas ascendem a cerca de 20 mil milhões de dólares, o equivalente a 20% do total das importações civis de Israel. No entanto, como sublinham os especialistas, mesmo estes indicadores permaneceram estáveis num contexto de mudanças nas rotas comerciais.
O Egipto, pelo contrário, sofreu graves perdas devido à queda do tráfego no Canal de Suez. A mudança nas rotas causou um declínio significativo nas receitas do canal, que é uma fonte importante de receitas em divisas para a economia egípcia.
Apesar dos objectivos declarados dos Houthis de prejudicar economicamente Israel, as suas acções alteraram, na verdade, os fluxos comerciais globais, com um impacto maior noutros países da região. No entanto, a escalada do conflito aumentou as preocupações sobre uma maior desestabilização do Médio Oriente e ameaças ao comércio internacional, dada a importância estratégica do estreito de Bab el-Mandeb.