Ontem foi o Dia Mundial do Refugiado. Por anos consecutivos, a Síria ocupou o primeiro lugar como país de origem dos refugiados. Somente nos dados mais recentes da ACNUR, até o final de 2024, o Sudão havia superado a Síria. No entanto, a Síria fica em segundo lugar, com 13,5 milhões de refugiados. Apesar dos muitos cristãos entre eles, que se veem obrigados a fugir do país, ainda há cristãos que permanecem em suas casas e enfrentam os perigos do dia a dia. Juliette (pseudônimo), uma cristã que vive no país e é parceira local da Portas Abertas, compatilhou sua perspectiva sobre a situação da igreja na Síria. Leia abaixo o que ela diz.
Para os sírios, as lutas seguem tragicamente constantes. Dia após dia, enfrentamos a realidade de um sistema bancário à beira da falência. As pessoas ainda não conseguem acessar suas reservas bancárias e seus salários. É uma batalha diária pela sobrevivência e até mesmo as necessidades básicas parecem um sonho distante no momento.
Afetada por décadas de guerra, a infraestrutura da Síria é precária. Ainda assim, uma fagulha de esperança se acendeu depois que as sanções do governo americano foram derrubadas. Agora é possível que empresas estrangeiras voltem a investir na Síria e a situação financeira do país melhore, por mais que essas mudanças demorem um pouco para serem sentidas.
A comunidade cristã na Síria ainda carrega um grande fardo. Por causa dos diversos incidentes que presenciamos ao longo do tempo, as pessoas ainda se perguntam se o país é realmente um local seguro para viver com suas famílias.
Conflitos e ameaças aos cristãos
Na cidade de Tartous, todos os dias há panfletos deixados nas portas das igrejas pedindo para que os cristãos se convertam ao islã. No final, esses panfletos são assinados com “Os Umayyads passaram por aqui”. Umayyads é o nome do primeiro império islâmico que durou até o ano 750.
Eu conversei com um amigo de Tartous que me disse: “Essas coisas nos enchem de medo. Nós sempre pensamos duas vezes antes de ir para a igreja ou qualquer outro lugar. É exaustivo viver dessa maneira”. Esses incidentes não são isolados. Frequentemente, ouvimos histórias parecidas de outros jovens.
Em Alepo, por exemplo, durante um encontro em uma igreja, os jovens conversavam sobre suas dificuldades na faculdade e no trabalho. As aulas agora são interrompidas durante os momentos de oração islâmica e os cristãos passaram a ser rotulados como “crentes errados”.
Em Daraa, a sensação de insegurança também é muito forte. Grupos armados, chamados de beduínos, atacam vilarejos e fazendas, exigindo que os cristãos entreguem dinheiro. A ameaça é simples: “Ou você nos paga, ou nós vamos atirar e destruir sua propriedade”. Cerca de cinquenta famílias cristãs foram obrigadas a dar dinheiro a esses grupos armados.
No fim de abril, surgiram diversos conflitos entre os drusos e a comunidade sunita no Sul da Síria, que foram reprimidos pelas forças de segurança, mas o medo continua profundamente enraizado nas pessoas. Um morador da região me disse: “Nós permanecemos unidos, ajudando uns aos outros nesse tempo difícil. Nós sentimos que precisamos proteger nossas famílias por conta própria, sem presença suficiente das forças armadas, o que é um grande fardo”.
Todos esses incidentes mostram um pouco como é viver sem paz ou liberdade, deixando a comunidade cristã em constante incerteza. Ainda assim, nós acreditamos que, com fé, podemos enfrentar qualquer desafio. Oramos para que a sabedoria do Senhor nos guie e sua proteção nos cubra todos os dias.
Faça parte da história dos cristãos sírios
Com sua ajuda, a igreja na Síria pode se fortalecer após anos de perseguição e guerras. Ore pelos cristãos sírios em meio à atual instabilidade política. Além das orações, sua doação oferece projetos de geração de renda a longo prazo para que famílias cristãs possam permanecer no país. Faça uma doação ainda hoje e seja resposta de oração!