A “competição” entre a Índia e a China para preparar os militares para o inverno é parte da tática nas negociações entre os dois países relativamente à situação fronteiriça.
Recentemente a China testou um helicóptero não tripulado em condições de elevada altitude. Entretanto, a Índia está se preparando para a abertura de um túnel estratégico em Ladakh.
Espera-se que o primeiro helicóptero não tripulado desenvolvido inteiramente pela China participe em missões de elevada altitude nas montanhas da fronteira sino-indiana, incluindo apoio logístico e inteligência do Exército em condições de tensão, segundo afirmam analistas militares ao jornal Global Times.
Por sua vez, Índia, deverá adquirir 30 drones MQ-9 Reaper da fabricante norte-americana General Atomics, avaliados em aproximadamente US$ 3 bilhões (R$ 16,7 bilhões), solicitando a entrega imediata de seis unidades. Global Times indica que desta maneira os militares indianos esperam “alterar as regras do jogo”, uma vez que estes drones são capazes de executar tarefas tais como indicação de alvos com laser, suporte eletrônico e realização de ataques.
Anteriormente a mídia indiana informou que, durante a maior operação de apoio militar e logístico da última década, o Exército indiano enviou com urgência durante o período de inverno armas, combustível, alimentos e suprimentos de inverno para a região fronteiriça.
Ambos os países entendem que a situação na linha de confronto em Ladakh não será resolvida em um futuro próximo, disse à Sputnik China Aleksei Kupriyanov, pesquisador sênior do Instituto de Economia Mundial e Relações Internacionais Primakov da Academia de Ciências da Rússia (IMEMO RAN, na sigla em russo).
“Uma vez que no inverno todas as coisas inesperadas são possíveis, tanto indianos como chineses têm experiência de combate em grupos pequenos nas condições de inverno em zonas montanhosas, especialmente as unidades fronteiriças, então ambos os lados estão tentando se proteger para qualquer eventualidade. É evidente que é preciso preparar as tropas para o inverno, e agora é a hora dessas preparações. Porque será mais difícil fazê-lo mais tarde – as passagens ficarão cobertas de neve.”
Segundo Long Xingchun, o diretor executivo do Instituto de Assuntos Globais de Chengdu, o período de inverno poderá adicionar tranquilidade na região fronteiriça.
“Do ponto de vista estratégico, não há necessidade de haver hostilidades entre a China e a Índia, no entanto, os militares indianos se aproveitam de oportunidades e brechas para fazê-lo. Embora eles não tenham aumentado seu contingente, eles também não o reduziram. A Índia já havia posicionado mais de 200.000 militares na linha da frente […]”, disse especialista.
“Frio intenso no inverno pode adicionar tranquilidade na fronteira, o que obrigará ambos os lados a dar um passo atrás. Em particular, o número de soldados indianos na linha da frente é elevado demais, por conseguinte, isso exige uma avaliação racional. O início de ações militares pode prejudicar a Índia. Neste contexto, a principal razão pela qual a Índia está aumentando sua capacidade logística é mostrar sua posição firme e intransigente, mostrar ao país que o problema não está resolvido. Na verdade, as partes devem procurar uma solução pacífica para regular a situação fronteiriça”, concluiu Xingchun.
A Índia e a China estão em um dos seus mais longos impasses fronteiriços, que começou na última semana de abril, depois de Pequim ter levantado objecções ao desenvolvimento de infraestruturas por Nova Deli ao longo da vagamente demarcada fronteira.