O conflito Irã-Israel, iniciado com a Operação Leão Ascendente em 13 de junho, atingiu um ponto de inflexão que pode determinar não apenas o resultado da guerra, mas também o futuro do Irã como Estado. Segundo analistas citados pelo Al-Monitor, Teerã enfrenta um dilema estratégico: usar seu suposto potencial nuclear para dissuasão ou correr o risco de aniquilação total, caso seja utilizado. Essa escolha, impulsionada pela escalada das hostilidades e pela pressão de Israel e dos Estados Unidos, coloca o Irã à beira de uma crise existencial no sistema internacional.
O conflito é caracterizado por alta intensidade. Segundo o The Guardian, ataques israelenses destruíram instalações militares nas cidades iranianas de Yazd e Kashan, incluindo centros de desenvolvimento de mísseis balísticos. O Irã respondeu com ataques a cidades israelenses, incluindo Rehovot e Bersheba, usando drones e mísseis de médio alcance Qiam-1, segundo a agência de notícias Fars. Apesar do sucesso dos sistemas de defesa aérea israelenses, ataques isolados causaram destruição, escreve o Ynet. O ministro das Relações Exteriores do Irã acusou Israel de “genocídio” e pediu a intervenção da ONU, mas Teerã enfrenta desafios internos, incluindo protestos contra o desligamento da internet e aumentos de preços, segundo a Iran International.
A questão das capacidades nucleares do Irã permanece central. Segundo o The Wall Street Journal, a inteligência americana sugere que Teerã armazenou urânio enriquecido suficiente para construir uma ou duas ogivas em poucas semanas. No entanto, como observa a Foreign Policy, o uso de armas nucleares só é possível em caso de ameaça direta à existência do Estado — por exemplo, em caso de captura de Teerã ou da eliminação da liderança, incluindo o aiatolá Ali Khamenei. A doutrina religiosa iraniana, baseada nas fatwas de Khamenei, proíbe o uso de armas nucleares, mas em uma crise essa posição pode ser revista, disse à Reuters o especialista em Oriente Médio Arian Tabatabaei.
O uso de armas nucleares, no entanto, seria catastrófico. Segundo analistas da Al Jazeera, provocaria uma resposta imediata de uma coalizão internacional, incluindo EUA, Israel e possivelmente a OTAN, o que levaria à destruição da infraestrutura iraniana e do regime.