Teerã está se preparando para produzir urânio enriquecido em 20% em uma fábrica em Isfahan, revela fonte à Sputnik. O Reino Unido, França, Alemanha e EUA expressaram seu desagrado com a decisão.
O Irã produzirá 20% de urânio metálico enriquecido para um reator de pesquisa científica localizado em Teerã, disse um porta-voz da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) à Sputnik.
Segundo a fonte, Rafael Grossi, diretor-geral da AIEA, apresentou em seu último relatório ao conselho de diretores da agência a intenção do Irã de utilizar 20% de urânio enriquecido na produção de combustível para um reator de pesquisa em Teerã.
“O Irã também produzirá urânio metálico enriquecido ao nível de 20%”, acrescentou a fonte.
O representante da agência referiu ainda que o país persa notificou a AIEA horas antes que 20% de óxido de urânio enriquecido fosse entregue a um laboratório em uma fábrica de Isfahan, onde seria convertido em fluoreto de urânio, e depois em 20% de urânio enriquecido.
O Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), ou acordo nuclear iraniano, assinado em julho de 2015 por Irã e seis mediadores internacionais, impôs uma série de limitações ao programa nuclear da República Islâmica em troca do cancelamento das sanções internacionais.
Em maio de 2018, os EUA abandonaram o acordo e começaram a impor sanções unilaterais contra o Irã, argumentando que Teerã continuava desenvolvendo armas nucleares. Como resposta, em 2019, o Irã começou a reduzir gradualmente seus compromissos com o JCPOA.
Reino Unido, França e Alemanha disseram nesta terça-feira (6) que estavam “muito preocupados” com a decisão do país persa de anunciar que tomaria medidas concretas para produzir urânio metálico enriquecido com até 20% de pureza para combustível de reator.
“O Irã não tem nenhuma necessidade civil confiável de pesquisa, desenvolvimento e produção de urânio metálico, que são um passo fundamental no desenvolvimento de uma arma nuclear”, comentaram os três países em uma declaração conjunta emitida pelo Ministério das Relações Exteriores do Reino Unido.
“Exortamos fortemente o Irã a suspender sem demora todas as atividades em violação ao JCPOA, e a voltar às negociações em Viena com o objetivo de levá-las a uma rápida conclusão”, afirmaram.
Os EUA também qualificaram de “preocupante” a decisão do país persa.
“Temos visto reportagens da mídia que caracterizam este documento [sobre enriquecimento de urânio]. É preocupante que o Irã esteja optando por continuar a escalada”, apontou nesta terça-feira (6) Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA.
Por sua vez, a Rússia instou para que as negociações do acordo nuclear com o Irã sejam retomadas sem demora, ressaltou também nesta terça-feira (6) Mikhail Ulyanov, representante permanente da Rússia junto a organizações internacionais em Viena, Áustria.
A AIEIA informa que Irã passa a produzir urânio metálico enriquecido em até 20%. Os EUA, por sua vez, mantêm a política de pressão máxima de [Donald] Trump. A única maneira de sair deste círculo vicioso é retomar os diálogos de Viena sem demora, e restaurar completamente o JCPOA.
Viena tem sediado desde o início de abril reuniões da Comissão Mista da JCPOA com o objetivo de restaurar o pacto, além de grupos de trabalho que elaboram medidas concretas a serem tomadas pelos EUA e o Irã para cumprir o acordo.
A sexta rodada de consultas foi realizada entre 12 e 20 de junho, e o início da sétima ainda não foi projetado.