O Irã declarou formalmente o fim do acordo nuclear de 2015, anunciando no sábado que não está mais vinculado a nenhuma das restrições do acordo sobre enriquecimento de urânio, desenvolvimento de armas ou supervisão nuclear.
“Todas as disposições [do acordo de 2015]… são consideradas encerradas”, declarou o Ministério das Relações Exteriores iraniano, conforme relatado pela AFP.
Com essa frase, os últimos fios do Plano de Ação Global Conjunto (JCPOA) — antes anunciado como um triunfo diplomático — foram cortados pelo regime que nunca teve a intenção de cumpri-los.
O anúncio ocorre após meses de crescente escalada, culminando em uma guerra de 12 dias entre Israel e Irã em junho, durante a qual forças israelenses e americanas lançaram ataques coordenados contra instalações nucleares em Fordow, Natanz e Isfahan. A campanha também teve como alvo cientistas nucleares de alto escalão.
Desde então, o Irã recusou a cooperação com a Agência Internacional de Energia Atômica e, no final de setembro, a Grã-Bretanha, a França e a Alemanha acionaram o mecanismo de sanções “snapback” — restaurando sanções internacionais abrangentes aos programas de armas e redes financeiras do Irã.
O momento da saída do Irã é simbólico e estratégico: o acordo original, assinado em julho de 2015, foi elaborado para limitar a janela de desenvolvimento nuclear do Irã a pelo menos um ano. Esse limite já expirou completamente, e Teerã deixou claro que pretende traçar seu próprio caminho — sem inspetores, restrições ou negociações.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, confirmou esse ponto na semana passada: “Não vemos nenhum motivo para negociar”, disse ele, culpando a Europa por restaurar as sanções após anos de violações iranianas.
Antes da guerra de junho, a AIEA declarou publicamente que o Irã não estava mais cumprindo suas obrigações de não proliferação — a primeira descoberta desse tipo em quase 20 anos. Essa revelação, combinada com a atividade de enriquecimento de urânio do Irã e a escalada militar na região, dissipou quaisquer ilusões remanescentes sobre as intenções de Teerã.
Análise: O JCPOA não está apenas expirado. Está obsoleto. Durante uma década, potências mundiais perseguiram um acordo fantasma com um regime comprometido com a fraude. O Irã explorou o acordo para desenvolver capacidades de mísseis, financiar guerras por procuração e se aproximar de armas nucleares — enquanto o Ocidente estendia linhas de vida diplomáticas.
Agora, com as sanções de volta em vigor e as restrições nucleares eliminadas, o regime tirou a máscara. Ele não quer paz. Quer influência. E, na ausência de responsabilização real, a corrida do Irã para a bomba não é mais teórica — é operacional.