Em uma nova frente dos conflitos no Oriente Médio, as Forças Armadas de Israel atacaram nesta quarta-feira (16) Damasco, a capital da Síria. A ofensiva é uma resposta, segundo as forças israelenses, a combates que soldados sírios têm travado com drusos, minoria étnica que vive em regiões tanto de Israel quanto da Síria.
O ataque a Damasco ocorre no terceiro dia de ofensivas de Israel na Síria. Nesta quarta, o Exército de Israel disse ter atingido a entrada do Ministério da Defesa do país e o quartel-general das Forças Armadas da Síria.
Imagens registradas por TVs locais mostraram o ataque ao ministério ao vivo. Segundo o Ministério da Defesa sírio, uma pessoa morreu e 28 ficaram feridas no ataque.
Os militares israelenses disseram que “atingiram o portão de entrada do complexo do quartel-general militar do regime sírio” em Damasco e que continuavam “a monitorar os acontecimentos e as ações tomadas contra os civis drusos no sul da Síria”.
Segundo a mídia estatal síria, os ataques também atingiram Sweida, cidade no oeste da Síria de maioria drusa onde soldados da Síria têm enfrentado os drusos.
As tropas do governo sírio foram enviadas para a região de Sweida na segunda-feira (14) para acabar com os combates entre combatentes drusos e homens armados beduínos, mas acabaram entrando em conflito com as próprias milícias drusas.
Os drusos e beduínos acabaram alcançando um cessar-fogo, mas o combate entre soldados sírios e drusos seguiu, e a trégua ruiu. Nesta quarta, após os ataques israelenses, o líder religioso druso Sheikh Yousef anunciou ter alcançado um novo acordo de cessar-fogo com o governo sírio e disse que o trato entrou em vigor de forma imediata.
A agência de notícias local Sweida24 afirmou que a cidade de Sweida e os vilarejos próximos estavam sendo alvo de artilharia pesada e disparos de morteiros no início da quarta-feira. O Ministério da Defesa da Síria, em um comunicado divulgado pela agência de notícias estatal SANA, culpou os grupos fora da lei em Sweida pela violação da trégua.
O Ministério da Defesa pediu aos moradores da cidade que permanecessem em casa. Alguns moradores que a Reuters conseguiu contatar por telefone disseram que estavam escondidos em casa com medo, sem eletricidade.
Israel diz defender drusos
Desde que o regime do ex-ditador sírio Bashar al-Asad foi derrubado, Israel tem atuado em favor da população drusa na Síria, que é um dos alvos do novo governo de maioria islâmica.
Mas os Estados Unidos, aliados de Israel, não estão contentes com a nova ofensiva israelense e pediu nesta quarta que o governo de Benjamin Netanyahu suspenda os ataques à Síria, segundo uma reportagem do site de notícias norte-americano Axios.
De acordo com o site, o enviado especial do governo dos EUA à Síria, Tom Barrack, fez o pedido diretamente ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. A avaliação, diz a reportagem, é que Washington não quer limar conversas que vem travando com o novo governo sírio para tentar normalizar as relações entre Israel em Síria.
Em maio, em um indicativo de aproximação com o novo governo sírio, o presidente dos EUA, Donald Trump, se reuniu com o presidente recém-empossado da Síria, Ahmed al-Sharaa, um líder islâmico que, até o fim do ano passado, era buscado pelo serviço secreto dos EUA por atividades terroristas.
Apesar da reprimenda dos EUA, as Forças Armadas de Israel indicaram que seguirão com a ofensiva na Síria em um comunicado emitido nesta quarta.
“As Forças de Israel continuam monitorando os acontecimentos e as ações do regime contra civis drusos no sul da Síria. Seguindo as diretrizes da cúpula política, as estão realizando ataques na área e permanecem preparadas para diversos cenários”, diz a nota.
O ataque desta quarta é o primeiro de Israel a Damasco desde março, quando forças israelenses alvejaram centro da Jihad Islâmica na cidade.
Fonte: G1.