Israel fez dois ataques contra o sul da Faixa de Gaza hoje, após ter acusado o Hamas de violar o cessar-fogo.
O que aconteceu
Aviões israelenses lançaram dois ataques no sul de Gaza neste domingo. Duas testemunhas palestinas disseram à AFP que foram registrados confrontos em uma parte da cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, ainda sob controle de Israel, seguidos por dois ataques aéreos. Segundo uma das testemunhas, antes dos ataques ocorreram “confrontos” entre membros do movimento islamista palestino Hamas e outro grupo armado palestino, também em uma zona “sob controle militar israelense”.
Oficial israelense disse que Hamas atacou forças do país antes. Ele, que não confirmou os ataques aéreos, afirmou à AFP que combatentes do Hamas haviam atacado as forças do país em uma zona sob controle do país, com tiros e um lança-granadas. O oficial acrescentou que o fato representa “uma violação flagrante do cessar-fogo”.
Netanyahu ordena ação “com força” contra alvos “terroristas” em Gaza. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu ordenou às forças de segurança que atuem “com força” contra alvos “terroristas” na Faixa de Gaza e acusou o Hamas de violar o cessar-fogo. “Após uma violação do cessar-fogo por parte do Hamas, o primeiro-ministro Netanyahu manteve consultas com o ministro da Defesa e funcionários de alto escalão de Segurança e ordenou uma ação com força contra alvos terroristas na Faixa de Gaza”, afirma um comunicado divulgado por seu gabinete.
O Hamas diz “desconhecer” conflitos entre seus militantes e os militares israelenses antes do ataque. O grupo extremista diz que não tem contato direto com parte de seus integrantes no sul de Gaza desde março. “O contato com os nossos grupos restantes lá [Rafah] foi interrompido desde o reinício da guerra em março deste ano. Não temos informações se eles foram martirizados ou se ainda estão vivos desde essa data”, afirmaram em comunicado à imprensa.
Mesmo antes de ataque, ao menos 38 pessoas haviam sido mortas desde cessar-fogo, dizem as autoridades de Gaza. O Hamas também denunciou “diversas violações” ao cessar-fogo por parte de Israel, o que é negado pelas autoridades israelenses.
As hostilidades ameaçam o cessar-fogo implementado em 10 de outubro. A trégua que entrou em vigor na Faixa de Gaza persiste, mas desde então foram registrados vários incidentes com mortes de cidadãos palestinos.
Hamas estaria em disputa com clã rival
Os ânimos entre Hamas e Doghmush se acirraram após o frágil acordo de cessar-fogo para pôr fim à guerra em Gaza. Em uma tentativa de manter o controle do território palestino, o Hamas tem realizado execuções em público de supostos traidores e integrantes de clãs rivais que também disputam o controle da região.
Clã Doghmush é formado por uma das famílias mais influentes e poderosas da Faixa de Gaza. O grupo, composto por centenas de membros fortemente armados, tem presença ativa em várias cidades da região, de acordo com informações da rede Al Jazeera e do jornal árabe Asharq Al-Awsat.
Antes da rivalidade, Hamas e os Doghmush já foram aliados. Em 2006, ambos atuaram juntos para sequestrar o soldado israelense Gilad Shalit. O militar de Israel foi liberado anos depois em troca de prisioneiros palestinos.
Suposta aliança com Israel. Por ser rival do Hamas, surgiram rumores de que o governo israelense teria oferecido suporte ao clã. Ao Los Angeles Times, Nizar Doghmsuh disse ter recusado suposta proposta de militares israelenses para administrar uma “zona humanitária” na região controlada pelo grupo. Israel não comentou as acusações.
Hamas quer retomar controle de Gaza após recuo das tropas israelenses. O grupo extremista convocou 7.000 membros de suas forças, que serão espalhados por diferentes distritos da região, hoje destruída após a guerra.
Fonte: AFP.