O fechamento do Plano de Ação Conjunto Global, que está sendo negociado agora, não vai impedir o Irã no seu caminho para criar armas nucleares, afirmou o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz, em uma reunião com os chefes dos principais centros analíticos em Washington durante a sua visita aos EUA, comunicou o serviço de imprensa do ministro.
“O Irã adquiriu conhecimentos, infraestrutura e capacidades, e isso é irreversível. Isso fará com que o Irã amplie ainda mais o seu programa nuclear durante o período de funcionamento do acordo, que vai incluir menos restrições. O Irã conseguirá criar armas nucleares quando o acordo expirar em 2031”, disse Gantz durante a reunião.
Segundo o ministro israelense, na plataforma de Fordow, a mais desenvolvida, o Irã poderá enriquecer urânio até 90% ao longo de algumas semanas. É que, na opinião de Gantz, o Irã possui milhares de centrífugas melhoradas que permitem fazê-lo, enquanto o país limita o controle da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre essas instalações.
Conforme Gantz, os EUA e Israel seguem dialogando sobre o acordo nuclear com Teerã. O chefe da Defesa israelense também acusou o Irã de financiar grupos terroristas que atuam no Oriente Médio.
“O Irã fornece mais de um bilhão de dólares [R$ 5,1 bilhões] aos seus agentes na Síria, Iraque, Líbano, Iêmen e Gaza. O grupo Hezbollah, que prejudica o Líbano e ameaça Israel, recebe mais de meio bilhão por ano. O Irã também entrega mais de US$ 100 milhões [R$ 512 milhões] por ano ao grupo Hamas e ao movimento Jihad Islâmica na Palestina em Gaza. Assim, independentemente dos futuros cenários, é preciso tomar medidas contra os fantoches iranianos que ameaçam toda a região do Oriente Médio”, defendeu o ministro.
Na quinta-feira (25), Gantz iniciou uma visita aos EUA, ao longo da qual assistiu a reuniões no Comando Central (CENTCOM) dos Estados Unidos. Na sexta-feira (26), ele teve um encontro com Jake Sullivan, assessor de Segurança Nacional do presidente estadunidense. Durante o encontro, Gantz apresentou medidas para impedir que o Irã obtenha armas nucleares. Além disso, os dois políticos discutiram o fortalecimento da parceria entre os EUA e Israel na área da defesa.
Em 2015, o Reino Unido, Alemanha, China, Rússia, EUA, França e Irã concluíram o acordo nuclear, o Plano de Ação Conjunto Global, que previa o levantamento de sanções contra o Irã em troca da limitação do programa nuclear do país. Em maio de 2018, os EUA, liderados por Donald Trump, se retiraram do acordo e reintroduziram as sanções contra Teerã. Em resposta, o Irã anunciou uma redução gradual dos seus compromissos no âmbito do acordo, tendo rejeitado as restrições em pesquisas nucleares, centrífugas e no nível de enriquecimento do urânio.
Em Viena, realizaram-se negociações para revitalizar o acordo nuclear e levantar as sanções de Washington contra Teerã. Em dezembro de 2021, as partes chegaram a um acordo sobre dois projetos, em que a parte europeia também tinha incluído as posições iranianas. Segundo o representante iraniano Ali Bagheri Kani, as negociações foram bem-sucedidas.
Contudo, o representante do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, avaliou o progresso em Viena como modesto, tendo apelado a Teerã para tratar a questão de forma séria. Após o retorno das partes para as suas capitais no fim de março, as negociações foram suspensas. A chancelaria iraniana colocou a culpa na administração norte-americana. A rodada seguinte das negociações sobre o acordo nuclear se deu em Doha em 29-30 de junho.