Uma avalanche de países tradicionalmente aliados de Israel avaliza a Palestina como Estado nesta Assembleia Geral que comemora os 80 anos de criação da ONU.
Trata-se de uma guinada, no mínimo simbólica, para desafiar o governo de extrema direita de Benjamin Netanyahu e isolá-lo no cenário internacional, diante da ofensiva desastrosa em Gaza.
O reconhecimento do Reino Unido e da França — que deverá ratificar hoje a posição — tem peso significativo como membros do Conselho de Segurança e reforça também o isolamento dos EUA, que serão o único país com poder de veto no organismo a apoiar Israel.
A Assembleia Geral começa nesta terça-feira (23) com o reconhecimento de pelo menos 145 de seus 193 membros ao Estado da Palestina, embora a delegação tenha sido barrada pelo governo americano e participará por videoconferência.
A empreitada conjunta de países como Reino Unido, França, Canadá, Austrália, Portugal e outros mais tenta também forçar Israel a retomar, pela via diplomática, as negociações para a solução de dois Estados.
Se depender de Netanyahu, isso não acontecerá. Sustentado por parceiros extremistas, o premiê israelense reagiu com uma categórica rejeição à onda de reconhecimentos: “Não haverá Estado Palestino”.
Mais do que esnobar as decisões de países ocidentais, ele assegurou que a construção de assentamentos dobrou e prosseguirá, sugerindo que haverá retaliações. “A resposta à mais recente tentativa de nos impor um Estado terrorista no coração da nossa terra será dada após o meu retorno dos EUA. Aguardem”, prometeu.
O premiê liberou os radicais para despejarem livremente suas ideias. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich — ele próprio um colono — reforçou a proposta de anexar 82% da Cisjordânia como resposta ao aval mundial de um Estado Palestino.
Vale lembrar que demarcar terras palestinas na Cisjordânia enterraria os Acordos de Abraão, assinado entre Israel e países árabes sob o patrocínio do primeiro governo de Trump.
Há quem assegure que, pressionado pelos EUA, o premiê não iria tão longe e declararia uma anexação simbólica de terras reconhecidas como palestinas. Na melhor das hipóteses, no que diz respeito ao governo israelense, os palestinos estariam ainda mais isolados em seu território.
Fonte: G1.