Em um ato sem precedentes, Israel e Líbano assinaram nesta quinta-feira (27) um acordo histórico mediado pelos Estados Unidos de compartilhamento da fronteira marítima de ambos no Mar Mediterrâneo.
O acordo, que quebra décadas de diplomacia hostil e conflitos entre os dois países, foi feito para que Tel Aviv e Beirute explorem energia offshore na região.
Embora histórica, a medida não interrompe a iminência de um conflito militar na região, por conta de desacordos entre os dois governos sobre territórios na fronteira.
As negociações foram feitas indiretamente – ou seja, as partes não chegaram a se encontrar – e intermediadas pelos Estados Unidos.
Nesta manhã, o presidente libanês Michel Aoun assinou uma carta aprovando o acordo em Baada, seguida pela assinatura do primeiro-ministro Yair Lapid em Jerusalém, com uma cerimônia programada para ocorrer na base de paz da ONU em Naqoura ao longo da fronteira.
Lapid saudou o acordo como uma “tremenda conquista” e o negociador libanês Elias Bou Saab disse que marcou o início de “uma nova era” entre os dois lados, que, no entanto, permanecem tecnicamente em guerra.
O acordo remove uma fonte de potencial conflito entre Israel e o grupo libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, e pode ajudar a aliviar a crise econômica do Líbano.
Depois de se encontrar com o presidente do parlamento libanês Nabih Berri, Amos Hochstein, o enviado dos EUA que mediou a negociação, disse a repórteres que espera que o acordo se mantenha mesmo em meio a mudanças na liderança em ambos os países.
Hochstein se referiu tanto às próximas eleições em Israel em 1º de novembro quanto ao fim do mandato de Aoun em 31 de outubro, dizendo que o acordo deve ser mantido “independentemente de quem for eleito muito em breve como o próximo presidente do Líbano”.
Uma descoberta de energia offshore – embora não seja suficiente por si só para resolver os profundos problemas econômicos do Líbano – seria um grande benefício, fornecendo moeda forte extremamente necessária e possivelmente um dia aliviando apagões incapacitantes.
Embora o Líbano e Israel tenham manifestado satisfação por terem resolvido uma disputa pacificamente, as perspectivas de um avanço diplomático mais amplo parecem remotas.
“Ouvimos falar dos Acordos de Abraham. Hoje há uma nova era. Pode ser o acordo de Amos Hochstein”, disse Saab, referindo-se à normalização dos laços entre Israel e os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, mediada pelos EUA em 2020.
Lapid disse: “Não é todo dia que um país inimigo reconhece o Estado de Israel, em um acordo por escrito, em vista da comunidade internacional”, disse Lapid a seu gabinete em comentários transmitidos.
Aoun entretanto insistiu que um acordo levará a uma normalização dos laços entre os dois estados.
Fonte: G1.