Israel enviou nesta quinta-feira, 23, um novo efetivo de tropas para a fronteira com o Líbano. “O temor é que haja um ataque eminente do Hezzbollah, grupo paramilitar libanês”, diz a israelense Sarit Zehavi, presidente do Alma, centro de pesquisa sobre geopolítica no Oriente Médio, e ex-agente das forças de inteligência israelentes.
“Com financiamento do Irã e outros agentes da região, além de recursos financeiros obtidos de forma ilegal, esse tipo de milícia vem aumentando seu poderio bélico”, afirma.
A guerra na Síria, que já dura nove anos, e a crescente instabilidade econômica no Líbano são outros fatores que têm contribuído para a desestabilização da região e do aumento do risco de conflitos. “Israel não descarta a possibilidade do início de um novo embate armado com o Líbano caso a situação saia de controle”, diz Sarit.
Nos últimos dias, o delicado balanço de forças entre Israel e outros agentes que exercem um papel importante na guerra da Síria ameçou a sair do prumo com a morte de um membro do Hezzbollah, grupo que luta a favor do presidente sírio Bashar Al-Assad. O assassinato foi atribuído a Israel.
A temperatura tem esquentado mais ainda na região com as misteriosas explosões que têm acontecido há pelo menos uma semana em uma série de centrais de geração de gás, fábricas de mísseis e plantas de enriquecimento de urânio no Irã.
A causa dos incidentes ainda não foi descoberta, mas não está descartado que tenham sido vítima de sabotagem e ataques cibernéticos. “Caso os problemas sejam atribuídos em parte a países como os Estados Unidos e Israel, o caldo pode esquentar”, diz Sarit.
Israel também enfrenta problemas em casa. O número de casos de coronavírus continua a crescer. Muitos israelenses não estão satisfeitos com a forma que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tem lidado com a crise. Mais de 31.200 pessoas já contraíram o vírus no país. Na terça-feira, 21, foram registrados 1.877 novos casos, um recorde.
As decisões do gabinete do primeiro-ministro relativas a medidas para lidar com a pandemia têm sido objeto de debates e contestações no Parlamento. Um conflito na belicosa fronteira do norte do país, com o Líbano, é tudo o que o pais não precisava — nem os seus vizinhos, imersos em problemas mais graves.
Fonte: Exame.