Na opinião de um ex-funcionário do governo israelense, o país pagaria um preço elevado pela destruição das instalações nucleares iranianas e apenas retardaria temporariamente o desenvolvimento de armas pelo Irã.
Um ataque militar israelense à infraestrutura nuclear do Irã deve ser considerada uma “opção de último recurso” que levaria a grandes danos em Israel se fosse realizado, alertou na terça-feira (4) Chuck Freilich, antigo vice-conselheiro de segurança nacional do governo israelense.
Freilich sugeriu, em uma entrevista ao jornal Haaretz, que o Irã já está “apenas a semanas de ter material físsil suficiente” para produzir sua primeira arma nuclear, e em meio ano poderá ter urânio altamente enriquecido suficiente para um pequeno arsenal de várias bombas.
“Mas esse é só o componente de urânio, que é crítico, mas apenas um dos dois. O outro é a armamentização, a capacidade de tomar uma ogiva e a miniaturizar, colocar em um míssil e fazer uma ogiva que pode aguentar o calor e a pressão de reentrada na atmosfera. Eles ainda não estão lá”, comentou o ex-funcionário.
Ele admite que Tel Aviv já tem advertido para a suposta possibilidade de Teerã conseguir capacidades de obter uma arma nuclear há pelo menos 15 anos, “talvez ainda mais”, o que significaria que o Irã já tomou a decisão de “não ultrapassar esse limiar crítico” por “poder provocar uma ação militar israelense ou americana”.
No entanto, o antigo vice-conselheiro de segurança nacional de Israel lamenta que Tel Aviv e Washington não tenham destruído o programa nuclear iraniano há pelo menos uma década, pois agora o país já sabe como produzir uma bomba, e qualquer ataque bem-sucedido contra ele apenas adiará a possibilidade de Teerã criar uma arma nuclear por não mais que dois ou três anos, afirmou.
Chuck Freilich avisou que, em caso de um ataque, haverá uma “forte resposta iraniana”, principalmente através do Hezbollah, o qual ele crê ter 150 mil foguetes justamente para a possibilidade de um ataque militar israelense ou norte-americano, e os quais poderá lançar desde o Líbano, Síria, Iraque, Iêmen e possivelmente outros países. Além desses, o Irã também teria mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro e um “arsenal de drones”.
O israelense citou o colapso de uma garagem de estacionamento em Tel Aviv em 2016, e o caos que isso provocou não só na cidade, mas em todo o centro do país nesse dia, como apenas um exemplo de qualquer lugar que fosse atingido por uma resposta de Teerã.
Em relação ao Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), Israel deve aceitar as tentativas dos EUA de regressarem ao acordo, defende o ex-conselheiro de segurança nacional israelense, considerando essa “a melhor das más opções” para Tel Aviv e que é irrealista esperar que o acordo inclua medidas que não a questão do enriquecimento de urânio pelo Irã.
“Você tem que ter em conta que qualquer acordo que os EUA e Israel considerarem melhor, os iranianos por definição considerarão pior. E por que eles quereriam aceitar um acordo pior quando eles estavam cumprindo o antigo – foram os EUA que saíram sem qualquer justificação substantiva […] A saída americana fortaleceu as mãos dos radicais no Irã, por assim dizer, provou que eles tinham razão”, acredita Freilich.