Num exercício raro e crucial, o Ministério da Aliá e Integração de Israel, em colaboração com a Autoridade Nacional de Emergência, realizou uma simulação em grande escala na cidade de Ramla para se preparar para um fluxo maciço de judeus fugindo do antissemitismo global. O cenário previa a chegada de aviões, um após o outro, lotados de milhares de judeus buscando desesperadamente refúgio das ameaças à segurança e do crescente ódio no exterior. Israel, a pátria do povo judeu, precisaria absorver e integrar cerca de 10.000 novos imigrantes em duas semanas — muitos com documentação incompleta, alguns inclusive sem os requisitos mínimos de elegibilidade previstos na Lei do Retorno.
O exercício, realizado em meados de novembro, testou a capacidade de Israel de lidar com um aumento repentino da imigração, forçando as autoridades a simular tudo, desde o atendimento em aeroportos e exames médicos até moradia, alimentação, educação e colocação profissional. O objetivo era claro: garantir que Israel pudesse absorver com eficácia as ondas de judeus que fogem de ambientes hostis, assim como fez no passado, mas desta vez com as lições aprendidas com as crises recentes.
A urgência por trás do exercício reside no crescente espectro do antissemitismo global, um problema que só se intensificou após o ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro de 2023. Desde então, milhares de judeus optaram por fazer Aliá, um movimento que ganhou força em meio às crescentes preocupações com a segurança na Europa e na América do Norte. O Ministério da Aliá e da Integração está se preparando para o que pode ser inevitável: um cenário em que um êxodo em larga escala de judeus de países hostis force Israel a agir com rapidez e decisão.
Como parte do exercício, as autoridades simularam a chegada de 800 novos imigrantes por dia, durante duas semanas. Este cenário, embora extremo, não é totalmente implausível, dado o crescente clima de antissemitismo em todo o mundo. O Ministro da Aliá, Ofir Sofer, enfatizou que o cenário poderia “definitivamente se concretizar”, dadas as tendências atuais do antissemitismo global. De fato, ele observou que Israel deve estar preparado para oferecer uma rota de fuga rápida e digna para judeus que enfrentam perigo iminente.
Embora a simulação de imigração em massa em Ramla tenha sido um exercício controlado, as lições que oferece estão longe de ser hipotéticas. Nos últimos meses, Israel já recebeu milhares de novos imigrantes devido ao caos em países como Rússia e Ucrânia. No entanto, como observou Avichai Kahana, Diretor-Geral do Ministério da Imigração e Absorção, o verdadeiro teste vem depois da primeira onda de chegadas, quando os holofotes da mídia diminuem e o trabalho real de integração começa.
Os desafios logísticos são formidáveis. Quando centenas de pessoas chegam diariamente, algumas fugindo da violência, outras com necessidades médicas e muitas sem a documentação completa, o processo se torna uma tarefa hercúlea. Mas esses desafios precisam ser enfrentados de frente se Israel quiser continuar sendo o refúgio seguro que sempre deveria ter sido.
Além disso, os novos planos implementados pelo Ministério da Aliá e Integração não se concentram apenas na sobrevivência imediata, mas também no sucesso a longo prazo. Isso inclui iniciativas para integrar imigrantes ao mercado de trabalho e à comunidade, oferecendo incentivos fiscais e de emprego, e simplificando os processos de licenciamento profissional. O objetivo não é simplesmente oferecer refúgio temporário, mas garantir que cada novo imigrante possa construir rapidamente uma nova vida na terra de Israel.
Como bem disse o Ministro Ofir Sofer: “É impossível ignorar a possibilidade de que cenários extremos levem a uma imigração rápida e massiva no futuro. O Estado de Israel deve estar preparado para absorver e acolher essas pessoas sempre que necessário.”
