Depois de inúmeras ameaças vazias, grande parte do mundo fica atenta quando a Coreia do Norte promete desencadear ataques contra seus inimigos. Porém, nos últimos meses, alguns analistas começaram a alertar que Kim Jong-un pode estar realmente se preparando para a guerra. As informações são da Bloomberg.
Agora, em seu 13º ano à frente da Coreia do Norte, Kim está testando de forma mais agressiva os limites que seus adversários tolerarão. Apoiado pelo rápido progresso das capacidades nucleares e do programa de mísseis de seu país, o ditador de 40 anos começou 2024 esquecendo a meta de unificação pacífica das Coreias e declarando que tinha o direito de “aniquilar” a vizinha do Sul.
Embora essa retórica belicosa normalmente fosse descartada, Kim poderia estar apenas se posicionando antes das eleições sul-coreanas em 10 de abril.
A resposta de Seul a todas as especulações tem sido direta: “O regime de Kim chegará ao fim” se buscar uma guerra total, disse o Ministério da Defesa da Coreia do Sul em janeiro.
Cenários de uma possível guerra
Segundo a Bloomberg, qualquer ataque que se intensifique voltaria imediatamente os holofotes para a grande Seul, onde vive cerca de metade dos 51 milhões de habitantes do país. A Coreia do Norte passou décadas estocando armamento no terreno ao norte da zona desmilitarizada, que fica a cerca de 40 km da maior cidade da Coreia do Sul.
Essa região fronteiriça também abriga cerca de 70% da economia sul-coreana de US$ 1,67 trilhão, base de algumas das maiores potências de tecnologia do mundo, incluindo a Samsung, LG e Kia. Até mesmo um breve conflito repercutiria em todas as cadeias de suprimentos globais, abalando a economia mundial.
Em uma demonstração de postura mais agressiva, Kim observou em março que suas armas poderiam ser usadas em um ataque à capital sul-coreana. Apenas a ação de artilharia e foguetes de um minuto contra Seul poderia resultar em quase 15.000 vítimas, de acordo com uma análise de 2020 feita pela consultoria Rand. Em uma uma hora, esse número aumentaria para mais de 100.000.
Ao mesmo tempo, cerca de 200.000 soldados das unidades de operações especiais de Kim – parte de um exército de 1,1 milhão de pessoas na ativa – tentariam cruzar a fronteira por terra, mar, ar e até mesmo por túnel, de acordo com o Ministério da Defesa da Coreia do Sul. Um dos objetivos seria atacar as pontes do rio Han, que atravessa o centro de Seul, cortando a cidade ao meio e dificultando a fuga de milhões de pessoas para o extremo sul da península, que é menos populoso.
As vantagens da Coreia do Norte em atacar primeiro não durariam muito tempo.
A Coreia do Sul também está pronta para lutar: tem sistemas de defesa Patriot para interceptar mísseis 555.000 soldados na ativa e um orçamento militar maior do que toda a economia da Coreia do Nortes. Além disso, há 28.500 soldados americanos baseados na Coreia do Sul, juntamente com satélites espiões americanos que monitoram constantemente a Península Coreana.
Ainda de acordo com a Bloomberg, outra possibilidade é um ataque “sangrento” contra a Coreia do Norte pelos EUA e pela Coreia do Sul, uma opção discutida durante o governo Trump. Esse cenário só seria considerado se os aliados acreditassem que um ataque norte-coreano em grande escala fosse iminente, com a intenção de mostrar força e lembrar a Kim que seu exército antiquado não é páreo para o poderio dos Estados Unidos.
A medida, porém, sempre foi vista como arriscada, provavelmente levando diretamente a um conflito maior. Um documento da Inteligência dos EUA tornado público no ano passado apontou que Kim provavelmente só usaria seu arsenal atômico se acreditasse que ele e seu regime estivessem em perigo.
Fonte: Exame.