A palavra de um terrorista vale o que vale: nada. No entanto, Abu Mohammed al-Golani, líder da facção rebelde síria e que anteriormente se chamava Jabhat al-Nusra e que até há poucos anos fazia parte do Estado Islâmico, já deve ter percebido que não pode enfrentar Israel. A aviação israelita tem dizimado quase por completo todas as formas de defesa e de ataque das forças armadas do ex-ditador Assad, impedindo dessa forma que armas de capacidade assinalável pudessem vir a cair nas mãos do vários grupos que agora se vão degladiando na Síria.
Golani dirigiu um recado a Israel pela primeira vez desde que assumiu o controle da Síria, afirmou que o seu país não irá entrar em conflito com Israel: “A Síria precisa de leis e de instituições estatais. Planeamos enfrentar todas as crises, e estamos a recolher informação. Não estamos entrando em conflito com Israel.”
O líder sírio afirmou entretanto que Israel não tem justificação para se envolver na Síria após a saída das forças iranianas: “O que aconteceu é uma vitória sobre o plano iraniano que ameaçava toda a região.” Em relação à Rússia – a grande derrotada nesta “viragem histórica” – Golani alegou que a sua facção poderia ter atacado as bases russas na Síria, mas optou em vez disso por “construir boas relações.”
Apesar das suas críticas ao regime iraniano, Golani enfatizou: “Entrámos nas nossas cidades, não em Teerã. Não temos conflitos com o povo iraniano.”
O governo interino da Síria apelou entretanto ao Conselho de Segurança da ONU para agir de forma a pressionar Israel para que cesse imediatamente os seus ataques em território sírio e se retire das áreas onde penetrou no Norte “em violação ao Acordo de Desligamento de 1974.”
Israel controla os Montes Golan conquistados à Síria durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967. O Acordo do Desligamento que pôs fim à guerra entre Israel e a Síria em 1973 estabeleceu uma zona tampão desmilitarizada entre os dois países monitorizada por uma força de manutenção da paz da ONU conhecida como UNDOF.
As forças de Israel estão neste momento a ocupar o lado sírio do Monte Hermon, tendo já decidido permanecer ali durante o Inverno, uma vez que se trata de um excelente ponto de observação das prováveis movimentações das facções sírias.
A Rússia tem estado entretanto a retirar as suas forças das linhas da frente na parte leste da Síria e dos postos nas montanhas alauítas, mas não irá deixar as suas duas principais bases em Latakia e Tartus.
Os líderes de seis povoações druzas no lado sírio da fronteira pediram entretanto para que Israel anexasse os seus territórios.