O líder supremo do Irã disse na sexta-feira que se os Estados Unidos “ameaçarem” a segurança do Irã, “nós os ameaçaremos em troca”, acrescentando que as negociações com os Estados Unidos “não são inteligentes, sábias ou honrosas” depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, sugeriu negociações nucleares com Teerã.
“Os americanos sentam, redesenhando o mapa do mundo — mas apenas no papel, pois não tem base na realidade”, disse o aiatolá Ali Khamenei em um evento da Força Aérea Iraniana em Teerã. “Eles fazem declarações sobre nós, expressam opiniões e emitem ameaças. Se eles nos ameaçarem, nós os ameaçaremos em troca. Se eles agirem de acordo com suas ameaças, nós agiremos de acordo com as nossas. Se eles violarem a segurança de nossa nação, nós, sem dúvida, responderemos da mesma forma.”
Khamenei também sugeriu que “não deveria haver negociações com tal governo”, mas não chegou a emitir uma ordem direta para não se envolver com Washington.
Os comentários de Khamenei derrubam meses de sinais de Teerã aos Estados Unidos de que o país quer negociar seu programa nuclear em rápido avanço em troca do levantamento de sanções econômicas esmagadoras no valor de bilhões de dólares.
O que acontecerá a seguir ainda não está claro, principalmente porque o presidente reformista Masoud Pezeshkian continuou sua campanha e prometeu, na quinta-feira, entrar em diálogo com o Ocidente.
Os comentários de Khamenei aos oficiais da força aérea em Teerã pareceram contradizer seus próprios comentários anteriores em agosto, que abriram a porta para negociações. No entanto, Khamenei, de 85 anos, sempre cuidadosamente encadeou seus comentários sobre negociar com o Ocidente. Isso inclui equilibrar as demandas dos reformistas dentro do país que querem as negociações com aquelas dos elementos linha-dura dentro da teocracia do Irã, incluindo a Guarda Revolucionária paramilitar.
Khamenei observou que, em seu mandato anterior, Trump se retirou unilateralmente de um acordo nuclear anterior, segundo o qual o Irã limitava drasticamente seu enriquecimento de urânio e seu estoque geral do material, em troca da remoção de sanções severas.
“Os americanos não cumpriram sua parte do acordo”, Khamenei alegou. “A própria pessoa que está no cargo hoje rasgou o acordo. Ele disse que faria isso, e fez.”
Ele acrescentou: “Esta é uma experiência da qual devemos aprender. Negociamos, fizemos concessões, fizemos concessões — mas não alcançamos os resultados que almejávamos. E, apesar de todas as falhas, o outro lado acabou violando e destruindo o acordo.”
Não está claro o que motivou os comentários de Khamenei. No entanto, eles vêm depois que Trump sugeriu que queria negociar com Teerã, mesmo enquanto assinava uma ordem executiva para reimpor sua abordagem de “pressão máxima” ao Irã na terça-feira.
“Vou assiná-lo, mas espero que não tenhamos que usá-lo muito”, disse Trump do Salão Oval. “Veremos se podemos ou não arranjar ou fechar um acordo com o Irã.”
“Não queremos ser duros com o Irã. Não queremos ser duros com ninguém”, acrescentou Trump. “Mas eles simplesmente não podem ter uma bomba nuclear.”
Trump seguiu com outra mensagem online na quarta-feira, dizendo: “Relatos de que os Estados Unidos, trabalhando em conjunto com Israel, vão explodir o Irã em pedacinhos, SÃO MUITO EXAGERADOS”.
“Eu preferiria muito mais um Acordo de Paz Nuclear Verificado, que deixaria o Irã crescer e prosperar pacificamente”, ele escreveu no Truth Social. “Deveríamos começar a trabalhar nele imediatamente e ter uma grande Celebração do Oriente Médio quando ele for assinado e concluído.”
Trump não deu mais detalhes.
Khamenei, como outros líderes iranianos, usa comentários elípticos para governar indiretamente a política, sem se limitar a nenhuma decisão. Como líder supremo, ele também criou uma vasta burocracia que compete consigo mesma por influência, incluindo com sua liderança civil sob Pezeshkian.
Ainda na quinta-feira, Pezeshkian sugeriu que o Irã poderia se expor a ainda mais inspeções do órgão de fiscalização nuclear das Nações Unidas, a Agência Internacional de Energia Atômica.
Durante seu mandato anterior, em 2018, Trump retirou os Estados Unidos do pacto nuclear de Teerã de 2015 com potências mundiais e restabeleceu sanções que prejudicaram a economia do país.
As medidas duras levaram Teerã a violar as limitações nucleares do pacto.
Uma alta autoridade iraniana disse à Reuters na quarta-feira que o Irã está pronto para dar aos Estados Unidos uma chance de resolver disputas.