A União Europeia (UE) tem culpa por não ter construído campos de refugiados na fronteira com Belarus, disse Aleksandr Lukashenko, presidente do país.
A crise migratória na fronteira entre a União Europeia (UE) e a Belarus foi causada por o bloco europeu ter recusado a construção de campos de refugiados, e pelas sanções aplicadas a Minsk, afirmou Aleksandr Lukashenko, presidente belarrusso, em entrevista à Sputnik.
Ele lembrou que Belarus e a UE tinham um acordo de readmissão, segundo o qual, se os imigrantes entravam ilegalmente no bloco europeu através do território belarrusso, Minsk devia acolhê-los e alojá-los no país em campos de refugiados.
“Os campos tinham de ser construídos por eles [a UE], e eles começaram a construí-los, [mas] depois pararam, então eu deixei de os retirar de lá [aceitar de volta os imigrantes ilegais]”, explicou o líder da Belarus.
Lukashenko apontou que a União Europeia foi a primeira a quebrar o acordo de readmissão, e agora não quer discutir a questão. Depois disso, referiu, começaram as sanções contra a Belarus.
“Te colocaram uma corda na garganta, apertam, e dizem: ‘Nos defenda’. Eu lhes disse honestamente desde o princípio: gente, vocês optaram por agravar as relações. Vocês nos culpam desse avião [incidente com a aeronave da Ryanair], apesar de não haver nenhum fato na mesa. Vocês [UE] começaram a asfixia de Belarus”, detalhou.
Status da Crimeia
A Crimeia se tornou russa de jure após o referendo de 2014, observou Lukashenko.”Todos sabíamos que a Crimeia era de fato russa. Depois do referendo, a Crimeia se tornou russa ‘de jure'”, sublinhou o presidente de Belarus.
A Crimeia passou a integrar a Rússia em março de 2014, após um referendo no qual uma grande maioria dos eleitores na República da Crimeia e da cidade de Sevastopol votou a favor da reunificação com a Federação da Rússia. A Ucrânia segue considerando a Crimeia como seu território, mas temporariamente ocupado.
O governo russo, por sua vez, referiu repetidamente que os habitantes da Crimeia votaram democraticamente, e em total conformidade com a lei internacional e a Carta das Nações Unidas, para reunificarem a península com a Rússia. Segundo Vladimir Putin, presidente russo, a questão “está completamente fechada”.
Tensões militares
Em relação a uma sugestão de Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, de instalar armas nucleares em Estados-membros a leste da Alemanha se esta o recusar fazer, Lukashenko respondeu que se trata de uma referência à Polônia.
“[Nesse caso] vou pedir ao Putin para retornar armas nucleares à Belarus”, revelou.