Soluções com toque de “ficção científica” dos EUA vão desde microchip para detectar COVID-19 a filtro “sugador” de vírus do sangue. Especialista crê que tecnologias emergentes são a chave para soluções eficazes na prevenção de novas pandemias.
O coronel aposentado Matthew Hepburn, que atualmente gere programas da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA, na sigla em inglês), acredita que as tecnologias emergentes são a chave para soluções eficazes para prevenir a próxima pandemia e garantir que a COVID-19 seja a última crise de saúde global.
Em meio aos esforços globais para impedir a propagação da pandemia de coronavírus, os cientistas do Pentágono têm trabalhado em métodos ambiciosos comparáveis aos de filmes de ficção científica que esperam tornar a COVID-19 a última crise mortal de saúde do planeta.
Uma equipe da DARPA mostrou ao canal de televisão CBS, no domingo (11), algumas das suas engenhosas criações “revolucionárias”.
Uma delas é um microchip que seria inserido sob a pele para detectar a infecção por COVID-19 em indivíduos assintomáticos, e outra é um gel semelhante a um tecido, projetado para “testar continuamente seu sangue”, de acordo com o coronel reformado Matt Hepburn, médico aposentado de doenças infecciosas do Exército com 23 anos de experiência em serviço ativo, que atualmente lidera a resposta da DARPA à pandemia.
Entre alguns dos projetos atuais que a DARPA está desenvolvendo está um implante subdérmico de monitoramento de saúde. Não é um microchip de rastreamento do governo, mas, sim, um gel semelhante a um tecido desenvolvido para testar continuamente seu sangue.
“Você coloca debaixo da pele e o que isso lhe diz é que há reações químicas acontecendo dentro do corpo, e esse sinal significa que você terá sintomas amanhã”, disse Hepburn, que ingressou na DARPA como gerente de programas em 2013.
O ex-diretor de Preparação Médica da Equipe de Segurança Nacional da Casa Branca revelou que os cientistas foram originalmente inspirados a elaborar um método de monitoramento após a luta para conter a disseminação do coronavírus a bordo do USS Theodore Roosevelt, porta-aviões de propulsão nuclear norte-americano.
Em março de 2020, um marinheiro do navio USS Theodore Roosevelt foi identificado como portador da infecção por SARS-CoV-2, com 1.271 tripulantes (27% da tripulação) testando positivo durante várias semanas, a maioria dos quais (77%) não apresentava sintomas no momento do diagnóstico laboratorial. Na época, 23 tripulantes foram hospitalizados e um morreu.
Outra invenção que está sendo apontada pela equipe do Pentágono como “fato científico” em oposição à “ficção científica” é um filtro, colocado em uma máquina de diálise, que é capaz de remover o vírus do sangue. “Você o passa, ele tira o vírus e coloca o sangue de volta”, disse Hepburn.
Uma pessoa identificada como Paciente 16, cônjuge de militar, teria sido submetida ao tratamento experimental de quatro dias após ser encaminhada à UTI com falência de órgãos e choque séptico. Poucos dias depois, o paciente teria se recuperado totalmente.
Desde então, a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) dos EUA autorizou o filtro para uso emergencial. De acordo com a equipe de Hepburn, o filtro tem sido usado para tratar cerca de 300 pacientes em estado crítico.
De olho no futuro, os cientistas estão procurando maneiras de evitar que pandemias como a atual surjam no futuro, com outra agência do Pentágono, o Instituto de Patologia Conjunta, estudando amostras de tecido de soldados e marinheiros infectados com vários patógenos em todo o mundo.
O imunologista e especialista em doenças infecciosas, dr. James Crowe, entrou em 2017 na competição de bolsas da DARPA para produzir os antídotos de anticorpos com rapidez suficiente para impedir uma pandemia. Crowe descobriu um método de detecção de anticorpos em um frasco de sangue em tempo recorde e reduziu o tempo necessário dos habituais de seis a 24 meses para apenas 78 dias.
Em uma escala ainda mais ambiciosa, o dr. Kayvon Modjarrad, liderando o esforço da vacina como diretor do ramo de doenças infecciosas emergentes do Instituto de Pesquisa do Exército Walter Reed em Silver Spring, Maryland, está atualmente tentando criar um golpe contra todos os tipos de coronavírus.
“Temos as ferramentas, temos a tecnologia para fazer tudo isso agora, matar vírus que não vimos ou mesmo imaginamos, contra os quais estaremos protegidos”, disse Modjarrad, que liderou os esforços do Exército norte-americano para a vacina contra ebola e zika. O cientista acrescentou que o objetivo é poder inocular as pessoas contra vírus mortais que ainda não foram identificados.