A Coreia do Norte, que assegura estar desenvolvendo um programa de satélites, fabricou um enorme míssil conhecido como ‘monstro’, que poderia ser testado em abril, o que modificaria o equilíbrio de forças na região e desafiaria o novo presidente da Coreia do Sul, segundo os analistas.
O líder norte-coreano, Kim Jong Un, disse no ano passado que melhorar as capacidades militares do país era um objetivo primordial para o regime. Desde janeiro, a Coreia do Norte realizou nove testes de mísseis, um recorde em tão pouco tempo.
Entre as suas prioridades está o desenvolvimento de um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) capaz de transportar várias ogivas convencionais ou nucleares, cada uma seguindo uma trajetória independente, o que o tornaria difícil de ser interceptado pelos sistemas antimísseis dos Estados Unidos.
O projétil autopropulsado e guiado eletronicamente, o Hwasong-17, recebeu o apelido de “míssil monstro” pelos analistas militares e foi exibido em um desfile em Pyongyang em outubro de 2020, mas ainda não foi efetivamente testado.
Contudo, Estados Unidos e Coreia do Sul acusam o regime da Coreia do Norte de ter testado alguns componentes do mesmo recentemente, sob o pretexto de que seriam testes para o lançamento de satélites.
A Coreia do Norte mantém uma moratória autoimposta sobre os lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais desde 2017. Porém, as sanções internacionais, impostas em represália a seu programa de mísseis e armas nucleares, continuam tendo muito peso sobre sua economia. As negociações estão estagnadas e muitos especialistas preveem uma mudança iminente.
“Acredito que a moratória passou. Deveríamos esperar uma retomada dos testes de mísseis balísticos intercontinentais”, opinou o especialista em segurança internacional, Ankit Panda.
Dois testes, realizados em 27 de fevereiro e 5 de março, “parecem ter utilizado partes, e até mesmo a totalidade do motor de foguete que vimos no ICBM Hwasong-17”, explicou.
Panda tampouco descarta a possibilidade de que esses dois testes estejam relacionados com o dispositivo que permite “levar várias ogivas para atacar diferentes alvos com o mesmo míssil”.
Por ora, a Coreia do Norte ainda não deu mostras de que domina esta tecnologia, mas já fez três testes com mísseis balísticos intercontinentais, capazes de alcançar a costa oeste dos Estados Unidos, em 2017.
A maioria dos analistas espera que a data escolhida para o lançamento do “míssil monstro” seja 15 de abril, o “Dia do Sol”, que marca o aniversário de 110 anos de nascimento do fundador do país, Kim Il Sung, a data mais importante do calendário político norte-coreano.
Este possível teste aconteceria em um momento delicado na região, após a eleição do conservador Yoon Suk-yeol como presidente da Coreia do Sul, que sucederá em maio Moon Jae-in, que é favorável ao degelo com o Norte.
Yoon defende a firmeza nas relações com o país vizinho e, inclusive, tachou Kim Jong Un de “menino mal-educado” e prometeu “lhe ensinar boas maneiras”. Além disso, não descartou realizar um ataque preventivo contra a Coreia do Norte.
Essa intransigência poderia aumentar a tensão entre os dois países, segundo Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos sobre a Coreia do Norte. Provavelmente serão adotadas novas sanções após o teste do supermíssil, “ao que Pyongyang responderá com mais testes de armas”, vaticina.
Os Estados Unidos, por sua vez, acusam a Coreia do Norte de preparar este lançamento “potencialmente disfarçado de operação espacial” e denunciou que se tratava de uma “grave escalada”.
Kim Jong Un visitou na quinta-feira (10) o centro de testes de satélites da Coreia do Norte e pediu sua modernização e expansão, segundo os meios estatais norte-coreanos.
Fonte: AFP.