Ali Khamenei, líder supremo da nação persa, diz não esperar que Washington mude sua política em relação ao acordo nuclear, e que Teerã deve se preparar para esse cenário.
O Irã não tem pressa em voltar às suas obrigações sob o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), ou acordo nuclear, e está preparado para esperar até que os EUA cancelem suas sanções ilegais contra o país na prática, disse no domingo (21) Ali Khamenei, líder supremo iraniano.
Khamenei, que falou durante o Ano Novo iraniano, sublinhou que o Irã não estava com pressa de voltar a um acordo em que cumpra todos os seus compromissos enquanto outros signatários não o fazem, e acrescentou que se o acordo nuclear for revisto, só seria aceitável se servisse os interesses do Irã, não os dos EUA.
“O tolo anterior havia projetado a política de ‘pressão máxima’ para encurralar o Irã e levar o Irã à mesa de negociações e impor suas exigências arrogantes a um Irã fraco. No entanto, ele desapareceu de tal forma que tanto ele como seu país foram desonrados, enquanto o Irã islâmico está de pé rápido e orgulhoso”, disse durante o discurso Khamenei, referindo-se a Donald Trump, ex-presidente norte-americano.
Ele advertiu que se a administração Biden também seguir uma política de máxima pressão, ela “falhará e desaparecerá” igualmente da cena política.
“Os americanos devem primeiro suspender todas as sanções e depois verificaremos isso, e se elas forem realmente suspensas, voltaremos aos nossos compromissos com o JCPOA sem nenhum problema. Não podemos confiar nas promessas dos americanos”, afirmou Khamenei.
“Não temos pressa. Sim, também acreditamos que as oportunidades devem ser aproveitadas, mas não teremos pressa, porque em alguns casos seus riscos superam os benefícios. Agimos precipitadamente [ao aderir] ao JCPOA”.
O líder supremo também comentou que o Irã deveria “supor que as sanções permanecerão em vigor, e planejar a economia do país” com base nisso.
Teerã começou a se retirar gradualmente de seus compromissos sob o JCPOA, assinado em 2015, e que limitava o enriquecimento de urânio do Irã em troca de alívio de sanções, em 2019, um ano após a administração Trump ter retirado os EUA do acordo. Khamenei e outros altos responsáveis iranianos têm referido que regressarão ao cumprimento do acordo assim que Washington fizer o mesmo.
Jogos de guerra
EUA, França, Bélgica e Japão iniciaram jogos de guerra no mar Arábico e no golfo de Omã, nomeados Exercício Grupal de Guerra do Mar Arábico (GASWEX, na sigla em inglês) 21.
Os jogos de guerra são liderados, do lado da França, pelo grupo de ataque de porta-aviões Charles de Gaulle, acompanhado pela fragata multimissão Provence, da classe Aquitaine, o destróier de defesa aérea Chevalier Paul, da classe Horizon, e o navio auxiliar Var.
Os EUA, por sua vez, usaram o porta-helicópteros Makin Island, da classe Wasp, o cruzador de mísseis guiados Port Royal, da classe Ticonderoga, e uma série de aeronaves, incluindo caças F-35 e F-16, helicópteros MH-60, bem como aviões de reconhecimento marítimo e de alerta e controle aéreo.
O evento, que começou no domingo (21), procura “desenvolver as habilidades necessárias para enfrentar as ameaças à segurança regional, à liberdade de navegação e ao livre fluxo de comércio”, relatou em comunicado o Comando Central das Forças Navais dos EUA em um comunicado.