O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou, nesta quinta-feira (16), que a “batalha de Rafah”, no sul da Faixa de Gaza, é “decisiva” na guerra contra o Hamas.
O que aconteceu
“A batalha de Rafah é decisiva (…) decidirá muitas coisas nesta campanha”, afirmou. As declarações ocorreram após Netanyahu realizar um passeio aéreo sobre Gaza e também depois que o Exército de Israel anunciou as mortes de cinco soldados registradas no dia anterior no norte do território palestino.
Com relato direcionado aos combatentes, o premiê declarou que a “batalha” não visa “somente os batalhões restantes” do Hamas, mas também suas “rotas de fuga e abastecimento”. Em 6 de maio, apesar do posicionamento contrário de outros países, as forças israelenses avançaram para o leste de Rafah e determinaram a evacuação de milhares de palestinos.
O primeiro-ministro reiterou que o país está em uma “batalha crítica agora”. Ele também agradeceu aos combatentes por ajudar nessa situação e a “conclusão” desta batalha contribuirá demais para a derrotada do “inimigo”.
“Gostaria simplesmente de elogiar e agradecer [os combatentes] em nome de todos os cidadãos de Israel e do povo judeu pelo que estão fazendo. Eu sei que vocês estão comendo muita poeira, mas estão fazendo uma grande coisa. Obrigado”, finalizou o premiê.
Netanyahu já afirmou que Israel evitou uma “catástrofe humanitária” em Rafah. O premiê alegou que “quase meio milhão de pessoas” deixaram a cidade, onde o Exército israelense executa operações.
Israel diz que intensificará ações em Rafah
Anúncio ocorre mesmo com as advertências internacionais sobre uma ofensiva em grande escala nesta cidade onde centenas de milhares de palestinos deslocados buscam refúgio. “Entrarão mais tropas” em Rafah, e “a atividade [militar] se intensificará”, declarou o ministro da Defesa, Yoav Gallant, citado no comunicado dos militares um dia após sua visita a Rafah.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu destruir o movimento islamista palestino após o ataque de 7 de outubro. O premiê considera necessária uma grande operação em Rafah, onde, segundo ele, estão localizados os últimos redutos do grupo.
A operação e suas consequências para os civis preocupam a comunidade internacional, começando pelos Estados Unidos, principal aliado de Israel. Em uma tentativa de colocar fim à guerra, a Liga Árabe reunida no Bahrein pediu o estabelecimento de uma força de manutenção de paz da ONU nos territórios palestinos ocupados até que seja implementada uma solução de dois Estados.
Um total de 278 soldados israelenses foram mortos desde que as tropas de Israel entraram no território palestino. Apesar dos confrontos na região, o patriarca latino de Jerusalém, o cardeal Pierbattista Pizzaballa, fez uma “visita pastoral” a Gaza, para transmitir uma “mensagem de esperança, solidariedade e apoio”.
Cais para enviar ajuda
Por outro lado, os Estados Unidos anunciaram que suas tropas terminaram de instalar um cais temporário em uma praia de Gaza, com o objetivo de facilitar a entrada de ajuda humanitária. “Há poucas horas, o cais foi colocado de forma bem-sucedida na praia de Gaza”, declarou o vice-almirante Brad Cooper, comandante-adjunto do Comando Central dos Estados Unidos.
Espera-se que a ajuda humanitária “comece a desembarcar nos próximos dias”. Segundo o Comando Militar americano para o Oriente Médio (Centcom), em relato no X, a carga será entregue à ONU, que “coordenará a distribuição em Gaza”.
O cais custou pelo menos US$ 320 milhões (quase R$ 1,7 bilhão na cotação atual). A iniciativa faz parte dos esforços internacionais para contornar as restrições de acesso terrestre à Faixa de Gaza impostas por Israel.
ONU estima que a fome ameaça a maior parte dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa devido à guerra entre Israel e o Hamas. Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), “600 mil pessoas fugiram de Rafah desde a intensificação das operações militares”.
Hamas “está aqui para durar”
Líder do Hamas disse que o movimento islamista decidirá com outras facções palestinas como governar Gaza após a guerra com Israel. “Falamos que o Hamas está aqui para durar (…) e corresponderá ao movimento e a todas as facções nacionais [palestinas] decidir sobre a forma de governo em Gaza”, declarou Ismail Haniyeh em um discurso exibido na televisão.
O ministro da Defesa, Yoav Gallant, declarou na quarta-feira que se opõe a que seu país tenha qualquer responsabilidade, militar ou civil, no governo de Gaza após a guerra. O conflito eclodiu após o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro, que matou mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, de acordo com uma contagem baseada em dados oficiais israelenses.
As represálias militares de Israel deixaram ao menos 35.272 mortos, majoritariamente civis. A informação é do Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007. Na Cisjordânia ocupada, onde a guerra em Gaza exacerbou a violência, três pessoas morreram em ações do Exército israelense, anunciaram fontes palestinas nesta quinta-feira.
Fonte: AFP.