Um relatório divulgado nesta quinta-feira (18) pela agência das Nações Unidas para refugiados (Acnur) mostra que o número de deslocados por guerras, conflitos e perseguições chegou a 79,5 milhões no fim de 2019, equivalente a 1% da população mundial.
Esse é o maior número desde que o Acnur começou a divulgar o relatório “Tendências Globais”, publicado anualmente pela agência, e vem crescendo de forma ininterrupta desde 2011. Do total de 79,5 milhões de pessoas, cerca de 40% são menores de idade.
“Estamos testemunhando uma mudança: os deslocamentos forçados, hoje em dia, não são apenas muito mais disseminados, mas também não são mais um fenômeno temporário e de curto prazo”, disse o alto comissário da ONU para refugiados, o italiano Filippo Grandi.
Em 2018, a população deslocada totalizava 70,8 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo o Acnur, o aumento se deve a novos e “preocupantes” deslocamentos na República Democrática do Congo, na região africana do Sahel, no Iêmen e na Síria.
Além disso, o relatório inclui pela primeira vez cerca de 3,6 milhões de venezuelanos que fugiram de seu país, mas não protocolaram pedidos de refúgio na nação de destino, como o Brasil. Os 79,5 milhões de indivíduos que não podem voltar para suas casas devido a conflitos e perseguições se dividem entre 45,7 milhões de deslocados internos (que permanecem em seu próprio país), 29,6 milhões de refugiados ou deslocados internacionais (que fogem para outros países) e 4,2 milhões de solicitantes de refúgio.
Mais de dois terços dos refugiados e deslocados internacionais são provenientes de cinco países: Síria (6,6 milhões), Venezuela (3,7 milhões), Afeganistão (2,7 milhões), Sudão do Sul (2,2 milhões) e Myanmar (1,1 milhão) – a comparação exclui os 5,6 milhões sob mandato da agência da ONU para refugiados palestinos (Unrwa).
Na sequência, aparecem Somália (900 mil) e República Democrática do Congo (800 mil). Além disso, 85% dos deslocados internacionais foram acolhidos em países em desenvolvimento, com destaque para Turquia (3,6 milhões), Colômbia (1,8 milhão), Paquistão (1,4 milhão) e Uganda (1,4 milhão). A primeira nação rica na lista é a Alemanha, em quinto lugar, com 1,1 milhão de refugiados.
A Itália, teatro da crise migratória no Mediterrâneo, totaliza 207.619 refugiados e 47.046 solicitantes de refúgio. Já o Brasil, com um sistema de análise mais lento, apresenta números inversos: 32.860 refugiados e 207.309 solicitantes de refúgio, além de 123.507 venezuelanos deslocados.
Em termos proporcionais, os países e territórios que mais acolhem são Aruba (1/6 de sua população), Líbano (1/7), Curaçao (1/10), Jordânia (1/15) e Turquia (1/23). Aruba e Curaçao aparecem na lista devido a sua proximidade geográfica com a Venezuela, enquanto Líbano, Jordânia e Turquia estão entre os principais destinos de refugiados sírios.
“Precisamos de uma atitude nova e mais aberta em relação a todos os que fogem, além de um esforço muito mais determinado para solucionar conflitos que já duram anos e estão na raiz desse imenso sofrimento”, declarou Grandi.
Fonte: ANSA.