O Il-80 exibido na quarta-feira, 4 de maio, no ensaio para a Parada da Vitória de 9 de maio, foi projetado como um posto de comando voador para o presidente Vladimir Putin liderar uma guerra nuclear – daí sua designação como “avião do juízo final”. Foi escoltado por oito caças MiG-29 formando a letra Z, símbolo da operação russa na Ucrânia. 9 de maio marca o aniversário da derrota da Alemanha nazista pela Rússia e um dia importante em seu calendário nacional.
O porta-voz do Kremlin, Dmitiry Peskov, rejeitou as especulações de que Putin planejava declarar formalmente guerra à Ucrânia – atualmente definida como “uma operação militar especial” – e pediu mobilização total. No entanto, a aparição do IL-80 (ver foto) em um dos dias nacionais mais importantes da Rússia é carregada de significado terrível, indicando que a Rússia não se conteria em usar armamento nuclear se necessário para alcançar a vitória na Ucrânia.
Na quarta-feira, Alexander Sladkov, o prestigioso correspondente de guerra russo que cobre a guerra, aconselhou Moscou a tirar uma folha do livro americano. Os EUA encerraram a segunda guerra mundial com o Japão lançando bombas nucleares sobre Nagasaki e Hiroshima. Ao transformar algumas províncias da Ucrânia em uma enorme cratera, Mocow poderia eliminar a ameaça representada por 40 nações que reabastecem os suprimentos de armas da Ucrânia, disse ele. Outros correspondentes militares russos comentaram há uma semana que o Reino Unido, ao armar Kiev, está brincando com fogo, observando que um único ICBM supersônico Smart 2 lançado perto da costa da Inglaterra enviaria um tsunami de 500 metros de altura inundando as Ilhas Britânicas e criaria um deserto radioativo.
O ministro da Defesa, Sergei Shoigu, alertou: “Vemos qualquer transporte da OTAN que chegue ao território do país com armas ou materiais destinados ao exército ucraniano como um alvo a ser destruído”. Seu aviso foi acompanhado por um pesado bombardeio russo que destruiu meia dúzia de estações ferroviárias e trilhos pelos quais a Otan transportava armas para as forças ucranianas.
Esta escalada foi acompanhada por uma queda acentuada na política de Israel de Moscou. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, afirmou que mercenários israelenses estavam lutando nas fileiras do Regimento Azov, de extrema direita, que Moscou chamou de “neo-nazista”. Enquanto ela falava, uma delegação palestina de alto escalão do Hamas chegou a Moscou para conversar sobre a situação em Jerusalém. O fato de as autoridades russas estarem dispostas a discutir com os inimigos declarados de Israel a situação em sua capital nacional, em particular o Monte do Templo, que os terroristas palestinos que governam a Faixa de Gaza usam como pretexto para uma agressão anti-Israel, foi tomado pelo governo israelense como um grande afronta do Kremlin. Os líderes do Hamas, Abu Marzouk, Fathi Hamad e Hassan Badran, serão recebidos pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov.