A inteligência militar britânica disse, na segunda-feira (28), que mercenários da empresa militar privada russa Grupo Wagner foram enviados para o leste da Ucrânia.
“Eles devem enviar mais de mil mercenários, incluindo líderes sêniores da organização, para realizar operações de combate”, disse o Ministério da Defesa do Reino Unido.
A organização privada é conhecida por suas ações na Ucrânia, em 2014, e por lutar – sob o comando de russos – em batalhas na Síria e em países da África.
O grupo é chamado, por críticos do Kremlin, de “exército particular de Putin”. Ele é formado por mercenários fortemente armados e preparados para o combate.
No ano passado, três organizações internacionais denunciaram a empresa para a Justiça da Rússia por conta de supostos crimes de guerra cometidos por seus homens na Síria.
Apareceram na 1ª invasão da Ucrânia
Os homens do Wagner foram usados pela primeira vez em 2014, quando a península da Crimeia foi anexada pela Rússia. Eles lutaram ao lado de separatistas pró-russos no leste da Ucrânia.
A Rússia nega qualquer presença militar nessa região, mas os combatentes bem equipados e profissionais apareceram entre os rebeldes comprometidos contra as autoridades ucranianas.
Presença na Síria e África
Em 2015, com a intervenção russa na Síria em apoio ao presidente Bashar Al-Assad, houve informações sobre a presença do Grupo Wagner ao lado do exército russo. Moscou sempre negou.
Na Líbia, seus homens estariam ao lado das forças do marechal Khalifa Haftar, e na República Centro-Africana fariam parte dos “instrutores” do exército.
Também foi apontada a sua presença no Sudão, Moçambique e Venezuela. Trata-se de suspeitas, mas sem prova formal e sempre com negativas russas, reporta a agência France Presse.
Quem comanda o Grupo Wagner?
De acordo com a agência de notícias estatal russa Tass, Dmitri Utkin é o responsável pelas operações do Grupo Wagner. Pouco se sabe sobre esse homem, que dizem ter tido um passado em inteligência militar.
Utkin, segundo reportagem do jornal “The Economist”, foi soldado das Forças Armadas russas e carrega tatuagens nazistas em seu corpo.
O nome do grupo também seria uma homenagem ao compositor favorito de Adolf Hitler, Richard Wagner.
Em dezembro de 2016, Utkin foi recebido no Kremlin para uma cerimônia em homenagem aos “heróis da Síria”. Inclusive foi fotografado junto ao presidente Vladimir Putin.
No aspecto financeiro, o Wagner seria comandado por um homem-chave do Kremlin, o empresário Yevgueni Prigozhin, próximo a Putin.
Proibido na Rússia
O Grupo Wagner não existe legalmente na Rússia, onde empresas militares privadas são proibidas. No entanto, segundo a agência France Presse, o grupo teria empregado milhares de veteranos do exército ou dos serviços de segurança da Rússia.
Além disso, segundo reportagem do “The Economist”, as forças armadas russas trabalham em estreita colaboração com o grupo, fornecendo munições e aeronaves de transporte. O chefe dos serviços de segurança da Ucrânia comparou o Wagner a “um exército privado de Putin”.
Segundo o centro de estudos russos do Carnegie Moscow Center, que chama o Grupo Wagner de “o segredo mais mal guardado da Rússia”, essa corporação privada dá a possibilidade ao Kremlin de negar o envio de soldados a zonas de guerra, uma vez que não está vinculado ao Estado russo.
Por outro lado, serve também como uma ferramenta para reforçar a influência russa junto aos Estados que recebem o apoio militar, uma vez que o grupo é financiado por oligarcas próximos a Putin.
O que eles fazem na Ucrânia?
Segundo a Inteligência do Reino Unido, os militares do Grupo Wagner estariam sendo enviados para o leste da Ucrânia – onde fica o Donbass, separatista – para suprir a perda de homens da Rússia.
“Devido a grandes perdas e uma invasão em grande parte paralisada, a Rússia provavelmente foi forçada a redefinir as prioridades do pessoal da Wagner para a Ucrânia às custas das operações na África e na Síria”, diz o Ministério da Defesa britânico.
Fonte: BBC.