O presidente sírio Bashar al-Assad transferiu o poder para a oposição armada poucos dias após os militantes lançarem seu avanço da província de Idlib. Israel há muito tempo tem suas próprias ambições territoriais na região, relacionadas especificamente às Colinas de Golã.
Em meio à turbulência na Síria, as Forças de Defesa de Israel (FDI) entraram em território sírio fora das Colinas de Golã pela primeira vez em 50 anos.
As Colinas de Golã em detalhes
As Colinas de Golã são um planalto montanhoso de origem vulcânica que se estende de norte a sul, cobrindo uma área de 1.800 quilômetros quadrados. Fica a cerca de 60 km ao sul de Damasco e faz fronteira com o rio Yarmouk ao sul e o mar da Galileia a oeste.
Por que esse terreno é vital?
Essa é uma área estratégica fundamental em termos militares. O terreno montanhoso do planalto oferece uma linha de defesa natural contra qualquer ataque militar terrestre da Síria. O terreno elevado também dá a Israel um excelente ponto de vista para observar os movimentos de tropas na Síria.
Com sua rede hidrogeográfica bem desenvolvida, as Colinas são uma fonte essencial de água para a região árida. Vários rios e córregos fluem de lá para o rio Jordão e o lago Tiberíades – fontes cruciais de água potável para Israel.
Três locais de perfuração em Golã teriam descoberto potencialmente bilhões de barris de petróleo em 2015.
O solo vulcânico fértil é usado para o cultivo de vinhedos e pomares, bem como para a criação de gado.
A história das Colinas de Golã
Israel tomou uma grande parte das Colinas de Golã da Síria durante a Guerra dos Seis Dias em 1967.
Após a Guerra Árabe-Israelense de 1973 (Guerra do Yom Kippur), Síria e Israel assinaram um acordo de desligamento em maio de 1974.
O Conselho de Segurança da ONU (CSNU) adotou a Resolução 350, que estabeleceu a Força de Observação de Desengajamento das Nações Unidas (UNDOF) lá.
Israel anexou formalmente o pedaço de terra em 1981. O CSNU declarou a anexação inválida. A maior parte da comunidade internacional, incluindo a Rússia, não reconhece a soberania de Israel sobre o território.
Durante o mandato de Trump em 2019, o governo dos EUA reconheceu oficialmente as Colinas de Golã como parte de Israel.
O Exército israelense assumiu o posto avançado sírio no Monte Hermon depois que o Exército sírio se retirou de suas posições na zona tampão. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que o acordo de retirada com a Síria nas Colinas de Golã, alcançado logo após a Guerra do Yom Kippur de 1973, não era mais válido. Uma ordem foi dada às FDI para ocupar a zona de demarcação, com filmagens exclusivas da Sputnik mostrando tanques e escavadeiras israelenses rompendo um muro na fronteira da região.
Tel Aviv teme que membros da oposição armada síria possam tomar o controle de instalações militares perto das Colinas de Golã e usá-las contra o país, informou o The New York Times, citando duas autoridades israelenses.