Inicia-se esta noite o dia mais solene do calendário bíblico judaico: o Yom Kippur, o Dia da Expiação. Em obediência ao mandamento inserido no Livro do Levítico (16), os judeus de todo o mundo reúnem-se nas sinagogas tentando aproximar-se de Deus através de palavras e acções de arrependimento e reflexão. Este dia é tão importante, que é denominado como “Sábado dos Sábados.”
A celebração deste dia é acompanhada de jejuns, orações e acertos de relacionamentos através do pedido de perdão às pessoas ofendidas durante o ano anterior. Até mesmo os judeus seculares celebram este dia, jejuando e não trabalhando, ao contrário das outras festas bíblicas. O jejum tem a duração de 25 horas, uma vez que se teme que se erre no cálculo das 24 horas, pelo que se estende mais uma hora para que nenhum erro possa acontecer, tal é a seriedade com que os judeus encaram este dia.
O Yom Kippur é o culminar de um período de 10 dias de arrependimento iniciados na festa do Ano Novo (Rosh Hashanah), considerado o dia do julgamento. Durante estes dez dias os judeus vão acertando os seus relacionamentos, pedindo perdão uns ao outros pelos pecados e ofensas cometidas. A expressão que é usada refere-se ao desejo de que o nome da pessoa não seja riscado do Livro da Vida. Segundo a tradição religiosa, durante esses dez dias o Eterno Deus vai examinando a conduta de cada um, pesando as boas e as más acções numa balança, daí o pedido de perdão a Deus feito neste dia, pedindo que Ele não risque o nome da pessoa do Livro da Vida.
NOS DIAS DA ANTIGA ALIANÇA
Nos tempo da Antiga Aliança, o Sumo Sacerdote de Israel entrava no Santo dos Santos neste dia específico para oferecer incenso e o sangue do sacrifício no propiciatório, para que o povo de Israel pudesse receber o perdão dos seus pecados. Este era o único dia do ano em que o Sumo Sacerdote o podia fazer. Uma vez que o Templo não existe mais, a oferta purificadora referida em Levítico 16 não pode mais ser efectuada.
NOS DIAS DA NOVA ALIANÇA
Ao contrário deste procedimento, os crentes em Yeshua – Jesus – podem apresentar-se confiadamente diante de Deus, certos de que o Seu sacrifício expiatório nos purificou de todos os pecados. Diferentemente de todos os outros sacerdotes, o nosso Sumo Sacerdote Jesus, não necessita de oferecer sacrifícios diários, primeiro pelos seus próprios pecados, e depois pelos pecados do povo. Jesus sacrificou-Se pelos nossos pecados uma só vez, e de uma vez por todas – Hebreus 9.14.
SIGNIFICADO PROFÉTICO
Este dia tão importante no calendário bíblico das Festas do Senhor aponta profeticamente para o arrependimento colectivo futuro de Israel quando do retorno do seu Messias. Se a Festa das Trombetas (Dia do Ano Novo) anuncia o retorno do Messias Jesus para resgatar os Seus deste mundo, e o Seu juízo sobre toda a humanidade rebelde, este Dia da Expiação representa o Dia glorioso em que Ele estará no Monte das Oliveiras, de onde descerá para salvar o Seu povo atribulado em Jerusalém e levá-lo ao arrependimento.
Encontramos referências a esse arrependimento colectivo no Livro do profeta Zacarias 12.9 e 10, 13.1 e ainda na Epístola de Paulo aos Romanos 11.25-27. Naquele Dia, os habitantes de Jerusalém olharão para Aquele a Quem rejeitaram, e reconhecerão as marcas do amor nas Suas mãos. Depois que o Messias Se identifica como sendo Jesus de Nazaré, haverá uma convulsão nacional, um choro compulsivo e arrependimento conducente à conversão. Israel reconhecerá em Jesus o “Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo”, o Único capaz de fazer a reconciliação com o Pai.
Jesus será visto como o “bode expiatório”, inocente, que levou sobre Si todos os nossos pecados, tendo que morrer por causa dessa maldição que foi transferida para Ele. E tal como o “bode emissário” levava simbolicamente os pecados do povo de Israel para o deserto, para longe da vista de Deus neste mesmo Dia da Expiação, assim o sacrifício expiatório de Jesus, o Cordeiro de Deus, conseguiu de uma vez por todas afastar para sempre os nossos pecados da vista do Senhor – Salmo 103.12.
“Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o Senhor teu Deus, e ouvirás a Sua voz; porquanto o Senhor teu Deus é Deus misericordioso, e não te desamparará, nem te destruirá, nem Se esquecerá do pacto que jurou a teus pais” – Livro do Deuteronómio 4.30-31.
Assim, este Dia da Expiação não só nos recorda com imensa gratidão a grande e eterna Obra realizada há 2 mil anos em Jerusalém pelo Cordeiro de Deus, como nos aponta para o futuro dia em que Ele Se revelará aos Seus irmãos – tal como José no Egipto – perdoando-lhes os pecados e abençoando-os com a salvação e o descanso eterno.