Arqueólogos localizaram uma prensa de vinho de 5.000 anos e vasos usados em cerimônias religiosas há 3.300 anos durante escavações próximas a Tel Megiddo, em Israel, área associada ao Armagedon.
O que aconteceu
Objetos religiosos usados pelos cananeus foram encontrados em uma escavação no vale de Jezreel. Arqueólogos da IAA (Autoridade de Antiguidades de Israel) localizaram um conjunto preservado formado por um vaso em forma de carneiro, tigelas pequenas e vasos trazidos de Chipre, datados de aproximadamente 3.300 anos. O anúncio foi feito em um post oficial da autoridade.
As peças revelam como funcionavam as cerimônias de consagração entre os cananeus. Elas estavam organizadas como se tivessem acabado de ser usadas para oferecer líquidos —possivelmente vinho, leite ou óleo. Segundo os arqueólogos, o modo de enterramento permitiu reconstruir a dinâmica do ritual. “O pequeno recipiente preso ao corpo do carneiro funcionava como funil, e uma tigela com alça servia para despejar o líquido”, explicam.
Uma prensa de vinho foi localizada a poucos metros dos objetos religiosos. A estrutura, escavada na rocha e datada de aproximadamente 5.000 anos, é um dos equipamentos mais antigos desse tipo já documentados em Israel.

Cultos em Canaã e o Armagedon
O vaso em forma de carneiro mostra como o líquido era derramado nos rituais pagãos realizados pelos cananeus. Ao ser inclinado, o conteúdo saía pela boca do animal e caía em um segundo recipiente colocado à frente, reproduzindo práticas de libação (quando se oferece um líquido —como vinho ou água— a uma divindade ou mortos em sinal de adoração, gratidão ou comunhão) descritas em fontes do Oriente Próximo.
A preservação intacta dos vasos permitiu pela primeira vez entender o uso integrado desses objetos. Antes, apenas fragmentos isolados eram encontrados, o que impedia a reconstrução do ritual. As peças incluem cerâmicas trazidas de Chipre, ilha do Mediterrâneo Oriental com intenso comércio na época.
Canaã abrangia áreas do atual Israel, Líbano, oeste da Jordânia e parte da Síria. No período em que os objetos foram usados, o território era composto por cidades-Estado independentes, cada uma com templos e tradições próprias. Megiddo era um desses centros e influenciava os vales agrícolas ao redor.
Megiddo deu origem ao termo Armagedon na tradição cristã. A cidade é um dos sítios arqueológicos mais importantes do Oriente Médio e aparece em registros egípcios e textos bíblicos associada a disputas territoriais. A palavra “Armagedon” deriva de “Har Megiddo” (Monte de Megiddo) e passou a simbolizar, na teologia cristã, a batalha final entre forças do bem e do mal.
Os objetos estavam enterrados ao lado de um grande bloco de pedra que pode ter funcionado como altar. A equipe acredita que agricultores levavam parte da colheita para consagrar aos deuses, realizando rituais fora da área murada, mas ainda visíveis a partir do templo principal de Megiddo.
Produção de vinho
A prensa de vinho encontrada no local indica ocupação densa no vale de Jezreel há 5.000 anos. A estrutura tem um espaço onde as uvas eram pisadas e uma cavidade para coleta do líquido, sugerindo produção organizada no início da urbanização cananeia.
A descoberta é considerada a primeira evidência direta da produção de vinho naquele período. Segundo os arqueólogos Amir Golani e Barak Tzin, “sabíamos por indícios que o vinho poderia ser produzido há 5 mil anos, mas faltava evidência conclusiva. Esta estrutura finalmente fornece clareza”.
Construções residenciais ao redor da prensa mostram que Megiddo se expandia além de seus limites conhecidos. Os vestígios indicam crescimento populacional no início da Idade do Bronze.
Fonte: UOL.
