A ONU critica que a interferência estrangeira na guerra da Líbia atingiu “níveis sem precedentes”, dizendo que as partes recebem armas e mercenários.
“O conflito entrou em uma nova fase, com a interferência estrangeira atingindo níveis sem precedentes“, disse o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Antônio Guterres, na quarta-feira.
Além disso, considerando a situação atual na Líbia “sombria”, Guterres indicou que as partes no conflito já receberam armas e mercenários sofisticados.
Portanto, transmitiu a grande preocupação que a ONU sente pelos alarmantes reforços militares e pelo alto nível de interferência estrangeira direta, que, segundo o secretário geral da ONU, é considerada uma violação do embargo de armas da entidade que dirige. e das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU).
“A situação política no leste da Líbia registrou alguns movimentos que indicam apoio renovado a uma solução política para o conflito”, disse Guterres, enfatizando mais tarde que a ONU continuará trabalhando com as partes envolvidas no conflito para alcançar um cessar-fogo e reiniciar um processo político.
Também indicou que a missão da ONU no país do norte da África registrou pelo menos 102 mortes de civis e 254 feridos entre abril e junho deste ano, um aumento de 172% em comparação ao primeiro trimestre de 2020.
A Líbia foi arrastada por uma espiral de violência desde que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) derrubou o ex-líder líbio Muammar Qaddafi em 2011, levando a uma série de lutas internas pelo poder, confrontos entre grupos rivais e proliferação de gangues extremistas ou máfias.
Agora, na Líbia há dois centros de poder em disputa: o Governo do Acordo Nacional (GAN), presidido por Fayez al-Sarraj, com sede em Trípoli e reconhecido como o governo legítimo do país pela ONU; e o Exército Nacional da Líbia (ENL), liderado pelo marechal de campo Jalifa Haftar, com sede na cidade oriental de Tobruk e apoiado pelo Egito, Emirados Árabes Unidos (EAU) e França, entre outros países.
Em abril de 2019, as forças de Haftar lançaram uma grande ofensiva para tomar a cidade capital, Trípoli, mas sua campanha militar falhou, já que a Turquia, ao intervir militarmente no concurso em junho do mesmo ano, ajudou o GAN a alcançar vitórias importantes, como o controle de todo o noroeste da Líbia.