A agência nuclear da ONU confirmou a detecção no Irã de partículas de urânio enriquecido a 83,7%, pouco abaixo dos 90% necessários para a fabricação de uma bomba atômica, segundo um relatório ao qual a agência AFP teve acesso nesta terça-feira (28).
As partículas foram detectadas em amostras coletadas em janeiro na usina de Fordo, especificou a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), confirmando relatos de fontes diplomáticas.
A AIEA pediu “esclarecimentos”, enquanto “as conversas continuam” para determinar a origem desse material, acrescenta o relatório, que será apresentado na próxima semana na reunião do Conselho de Governadores da agência nuclear da ONU.
O Irã, que nega qualquer intenção de adquirir uma arma nuclear, indicou em carta à AIEA que a eventual presença desse tipo de partícula pode ser devida a “flutuações involuntárias” durante o processo de enriquecimento.
O Irã desmentiu na semana passada ter enriquecido urânio a mais de 60% e garantiu que afirmar o contrário representa “uma distorção dos fatos”.
As negociações para reativar o acordo concluído em 2015 para limitar as atividades atômicas do Irã em troca do levantamento das sanções internacionais estão atualmente paralisadas.
Essas negociações começaram em abril de 2021 em Viena, sede da AIEA, mas estão interrompidas desde agosto de 2022, em um contexto de crescentes tensões.
O acordo de 2015 ficou falho desde que os Estados Unidos se retiraram unilateralmente em 2018, sob a presidência de Donald Trump.
Desde então, o Irã tem ignorado vários compromissos desse acordo.
O relatório visto pela AFP indica que as reservas de urânio enriquecido do Irã somavam 3.760,8 kg em 12 de fevereiro, 18 vezes mais que os 202,8 kg autorizados pelo acordo de 2015.
E o processo de enriquecimento atinge patamares cada vez mais elevados em relação ao teto de 3,67% estabelecido pelo acordo. Atualmente, Teerã tem 434,7 kg enriquecidos a 20% e 87,5 kg a 60%.
Fonte: AFP.