O secretário-geral da ONU, referindo-se à escalada das tensões entre a China e os EUA, disse que devemos “evitar dividir o mundo em duas partes”.
“Estamos enfrentando desafios dramáticos como COVID-19, mudanças climáticas, riscos de conflito e instabilidade que espalham a anarquia para tantos lugares quanto no ciberespaço […], por isso é muito importante evitar essa divisão” disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Antonio Guterres, em entrevista à Al-Arabiya nesta sexta-feira.
O dirigente da organização internacional, referindo-se particularmente ao recente aumento das tensões entre o gigante asiático e os Estados Unidos, e às suas muitas diferenças, nomeadamente entre “diferentes sistemas, diferentes políticas em muitos aspectos”, alertou que a divisão do mundo em duas partes, cada um com “sua própria moeda, a Internet, regras comerciais e estratégia de inteligência artificial”, pode levar a “um possível confronto no futuro”.
As tensões entre a China e os EUA só estão aumentando, variando de questões como comércio, competição tecnológica, a pandemia do coronavírus, que causa o COVID-19, aos direitos humanos, Taiwan, Hong Kong e a situação em o Mar da China Meridional (também conhecido como Mar da China Meridional).
Em 17 de agosto, os EUA anunciaram novas sanções contra a gigante chinesa de telecomunicações Huawei, com o objetivo de bloquear seu acesso a chips e outras tecnologias. Também decretou em 6 de julho que baniria a aplicação do TikTok nos Estados Unidos em 45 dias, sob o pretexto de ser uma ameaça à segurança nacional.
Além disso, Washington é o principal fornecedor de armas para Taiwan, considerada pela China uma de suas províncias.
Pequim critica tanto a interferência dos Estados Unidos em seus assuntos internos quanto a presença militar ilegal dos americanos em suas águas territoriais e alerta que a militarização da região marítima causa instabilidade e tensão.
Por tudo isso, segundo os especialistas, é crescente o risco de um “confronto não planejado” entre Pequim e Washington. Autoridades governamentais e especialistas da China e dos Estados Unidos alertam que as relações entre as duas nações estão se desintegrando com uma “escalada sem precedentes”.