Israel está se preparando para a invasão de Rafah, que Tel Aviv chama de último reduto do Hamas. A operação poderá desencadear uma nova onda de violência na escalada na Faixa de Gaza e provocar vítimas massivas.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou nesta segunda-feira (29) que Washington ainda não viu o plano de Tel Aviv para garantir a segurança dos civis palestinos durante a operação em Rafah.
“Dissemos claramente, e já há algum tempo sobre Rafah, que, na ausência de um plano para garantir que os civis não serão feridos, não podemos apoiar uma grande operação militar em Rafah”, disse Blinken durante um painel no Fórum Econômico Mundial (WEF) nesta segunda-feira. “E ainda não vimos um plano que nos dê confiança de que os civis possam ser efetivamente protegidos”.
No entanto, os preparativos para a operação israelense seguem a todo vapor. O Quincy Institute for Responsible Statecraft se referiu a novas imagens de satélite que parecem mostrar as forças israelenses modernizando dois postos militares avançados no centro de Gaza.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) procuram consolidar o controle do chamado Corredor Netzarim, que vai de leste a oeste desde a fronteira Gaza-Israel até o mar Mediterrâneo e que separa de fato o norte e o sul de Gaza.
O corredor atravessa um vale fluvial que também serve como barreira natural entre duas partes de Gaza. É também a parte mais estreita da faixa, o que a torna relativamente fácil de controlar.
O Times of Israel informou que as FDI podem enviar duas brigadas adicionais para o Corredor Netzarim para o ataque planejado a Rafah. O jornal explicou que o corredor estratégico permite às FDI realizar ataques em ambas as partes de Gaza e reforçar o controle sobre os movimentos dos refugiados palestinos.
As autoridades israelenses afirmaram repetidamente que sem tomar Rafah, que se acredita ser o último reduto do Hamas, a vitória na guerra de Gaza seria impossível.
Apesar de fornecer novas armas a Tel Aviv, a administração Biden parece estar apreensiva com a potencial operação em Rafah das FDI.
A invasão israelense de Rafah pode agravar ainda mais as tensões na região e levar a novas escaladas por parte do Hezbollah e do governo liderado pelo Ansar Allah, no Iêmen, que apoiam a Palestina. A escalada em Gaza também pode aumentar o sentimento anti-Israel nos EUA, onde ocorreram protestos estudantis massivos nas últimas duas semanas, e prejudicar as chances de reeleição de Biden em novembro.
A operação israelense em Rafah também pode atrapalhar os esforços do governo Biden para intermediar a normalização das relações entre Israel e a Arábia Saudita. Um recente artigo de opinião do The New York Times escrito por Thomas Friedman alertou que “Israel tem uma escolha a fazer: Rafah ou Riad”.
Os conservadores israelenses pressionam pela continuação da guerra em Gaza até à “vitória total”. O correspondente do Jerusalem Post Seth Frantzman argumentou que “a única maneira de chegar a Riad para um acordo de paz é através de Rafah, não sem Rafah”.
Para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a operação em Rafah faz parte de sua campanha eleitoral, segundo o Haaretz. Não está claro se o ataque a Rafah seria apenas um golpe de relações públicas para Netanyahu ou se será lançada uma campanha militar completa. O primeiro-ministro tem um longo histórico de desobediência a ordens e de não acatar os avisos de Washington.
“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras;…” Mateus 24:6