Para Mauricio e sua família, cristãos indígenas que vivem em Chiapas, no México, a oração é uma das ferramentas mais importantes para manutenção da fé em meio à perseguição. “Minha família se reúne para orar, cantar e jejuar, o que fortalece nosso espírito”, explica. Mauricio foi batizado em uma igreja a duas horas de distância de sua comunidade, onde recebeu ajuda em oração para não se desencorajar e ter sua fé fortalecida.
Mas para ele, orar não apenas o protege, mas também muda corações. Quando Mauricio viu que o primeiro comandante da comunidade – um de seus principais perseguidores – sofreu um ferimento na mão, não hesitou em ajudá-lo. Atou a ferida e orou por ele. “Ninguém mais queria ajudá-lo, apenas eu. Isso o surpreendeu”, disse. No mesmo ano, o segundo comandante da polícia ficou doente e Mauricio, novamente sem hesitar, orou por ele. “Quando chegamos na casa dele, fui bem recebido. Nós oramos e deixamos uma oferta para cobrir as necessidades dele. Então ele entendeu que queríamos fazer o bem e não deveríamos ser incomodados”, acrescentou.
Atualmente, Mauricio continua na mesma situação que o impede de viver a fé em completa liberdade. Apesar de algumas pessoas na comunidade terem parado de persegui-lo, outras continuam o ameaçando, apenas para que reaja negativamente e o acusem a ponto de colocá-lo na prisão ou expulsá-lo. Felizmente, Mauricio aprendeu a controlar suas reações e dar a outra face.
“Não muito tempo atrás, deixei meu filho pequeno ir passear e ele voltou ferido porque jogaram pedras na cabeça dele”, revela Mauricio. Quando os perseguidores o viam com sua esposa saindo, se aproximavam da casa deles para assediar seus filhos. “É por isso que tento levar minha família comigo aonde eu vou”, acrescenta.
Desafios e resiliência
Além disso, ele não pode compartilhar sua fé publicamente na comunidade e, para se encontrar com outros cristãos, tem que sair da comunidade, o que é um problema, pois a única forma de fazer isso é alugando um carro, que custa cerca de 60 dólares. Entretanto, apenas por ser cristão, as pessoas na comunidade cobram dele três vezes esse valor.
“Agora, por causa de mudanças nas autoridades, elas permitem apenas carros da comunidade, proibindo veículos de outras comunidades, como os irmãos que costumavam me pegar para ir à igreja. Agora o único jeito é pedir para alguém da minha comunidade que tenha carro e pagar a quantia pedida”, disse.
Nesse contexto, a Portas Abertas ajudou Mauricio e sua família de várias formas para fortalecê-los: diferentes treinamentos bíblicos e auxílio financeiro. Ele também recebeu auxílio para desenvolver um projeto econômico em que vende fast food, porém a comunidade não permitiu que ele prosperasse com a desculpa de que aquilo prejudicava a saúde das pessoas.
“Eu peço que todos os irmãos e irmãs no corpo de Cristo me ajudem em oração para que Deus me dê forças para suportar essa situação, porque não posso viver minha fé plenamente. Por favor, ore por minha liberdade religiosa, para que eu não seja mais forçado a participar de tradições no lugar onde vivo, e que toda a comunidade conheça a palavra de Deus”, conclui.
Ajuda legal para cristãos indígenas
Em comunidades indígenas mexicanas, as leis são definidas por líderes comunitários, o que leva os cristãos a serem presos, agredidos ou mesmo mortos. Além disso, famílias também são deslocadas, têm o acesso a água e eletricidade negado e são expulsas. Com uma doação, você permite que cristãos sejam preparados para se defender legalmente em casos de perseguição em comunidades indígenas.