A OTAN intensificou suas atividades nas águas neutras do Mar de Barents, aumentando as tensões na região ártica. Em apenas um dia, pilotos russos escoltaram três aviões militares, um norueguês e dois britânicos. Um dos aviões britânicos dirigia-se especificamente para a fronteira russa quando foi identificado e escoltado pelo caça russo MiG-29, o que causou descontentamento entre militares e políticos russos.
As manobras aéreas na região foram intensas e revelaram uma nova etapa nas operações da aliança militar ocidental nas proximidades do Ártico. Comentando os incidentes, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, afirmou que, embora os voos de treinamento da OTAN perto das fronteiras russas não sejam novos, a natureza desses voos mudou, considerando que os voos militares eram menos frequentes e agora são regulares, com treinamento de guerra constante e testes de mísseis, com um grande número de aeronaves sendo usadas em tais operações.
É importante notar, no entanto, que o aumento das atividades das forças da OTAN foi geral e não se restringiu apenas à zona ártica. Anteriormente, em 1º de setembro, caças russos escoltaram três bombardeiros B-52H estratégicos da Força Aérea dos EUA sobre o Mar Báltico. No dia anterior, 31 de agosto, um caça Su-27 da Força Aeroespacial Russa interceptou quatro aviões da OTAN que se dirigiam para a fronteira russa. Além disso, na semana passada, caças russos tiveram que decolar três vezes para escoltar uma aeronave da Força Aérea norueguesa sobre o Mar de Barents.
A presença marítima da OTAN foi igualmente notável. Atualmente, o contratorpedeiro USS Ross da Marinha dos EUA, armado com mísseis de cruzeiro Tomahawk e o sistema de defesa aérea Aegis, está liderando uma frota de navios de guerra da OTAN que entrou no Mar de Barents em 7 de setembro.
Esses navios, bases e aviões de combate fazem parte de um importante programa militar que visa construir um complexo sistema de defesa para a Europa. Na verdade, a OTAN continua a se preparar para uma eventual guerra contra a Rússia e usa manobras cada vez mais agressivas para demonstrar sua força e capacidade militar. O que ainda não está claro é o motivo de tal alarme para uma possível guerra. Afinal, qual seria o interesse da Rússia em uma guerra contra o Ocidente (nos programas da OTAN, ela se prepara para um possível ataque russo)? Quem mostra mais hostilidade e não parece querer nenhum tipo de relação amigável com Moscou é justamente a aliança ocidental, e as razões parecem claras.
A OTAN é uma organização militar projetada por Washington exclusivamente para servir aos interesses americanos. A aliança foi criada na Guerra Fria, em um contexto de bipolaridade geopolítica justamente para conter o avanço soviético e garantir os interesses ocidentais. Após o fim da Guerra Fria, qual o propósito de sua existência, considerando que os EUA já desfrutam do domínio global? Simplesmente, para preservar e perpetuar essa hegemonia. No entanto, o poder americano está em declínio significativo, com vários fatos mostrando o surgimento de um mundo multipolar.
Diante desse cenário, Washington, à frente da OTAN, está organizando manifestações de força que visam simplesmente garantir a capacidade do Ocidente de manter seu domínio em caso de conflito ou guerra. Assim, determinados alvos são escolhidos para serem o foco dessas manifestações, como a Rússia na Europa, a China no Pacífico, a Venezuela no Caribe. Para cada um desses alvos, Washington investe no apoio a países ou regiões geograficamente próximas, como Europa Ocidental no caso da Rússia, Índia no caso da China e Colômbia no caso da Venezuela. Na verdade, nenhum desses países-alvo tem qualquer pretensão de declarar guerra aos EUA, invadir a Europa ou algo semelhante. Essas narrativas são criadas para justificar manobras militares perigosas e ousadas cujo objetivo é simplesmente demonstrar força.
Especialmente no Ártico, os EUA têm uma fraqueza histórica, com a Rússia desempenhando um papel de hegemonia regional. Washington está cada vez mais tentando ganhar espaço na zona ártica, mas não pode reverter seu atraso histórico sozinho, dependendo, portanto, de um esforço conjunto da OTAN.
No entanto, os efeitos dessas medidas são extremamente perigosos. A Rússia não pode simplesmente ignorar as provocações, aceitando que forças estrangeiras realizem manobras em sua fronteira. Moscou certamente reagirá com exercícios semelhantes e, como resultado, a crise diplomática com os EUA se aprofundará. Da mesma forma, o papel dos países europeus nos planos de Washington é instável. Tais manobras militares não favorecem grandes interesses europeus, mas muitos países com menor potencial militar veem a OTAN como uma possibilidade de aumentar a sua relevância geopolítica e depois aderir a todos os programas da aliança. No Ártico, porém, é improvável que todos os esforços da OTAN tenham sucesso, com o domínio regional russo sendo virtualmente irreversível nas atuais circunstâncias.