O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, disse que a nova leva de mísseis que a Rússia se prepara para lançar têm capacidade para alcançar cidades na ponta oeste do continente, caso de Londres, apenas alguns minutos após deixar o espaço aéreo russo em direção ao Ocidente.
Rutte fez o alerta na sexta-feira (12), durante o anúncio de um plano de urgência da Otan para reforçar regiões de fronteira da Europa contra a Rússia, após drones russos invadirem o espaço aéreo da Polônia no começo da semana.
O episódio fez a aliança militar enviar, de forma emergencial, mais tropas, tanques e caças a regiões de fronteira com a Rússia ao longo da semana.
“Temos a impressão de que se vivemos em Madri ou Londres estamos mais seguros do que se estivéssemos em Tallin (na Estônia) ou Vilnius (na Lituânia). Mas isso não é verdade, porque os mísseis russos mais recentes, quando forem lançados, virão com cinco vezes a velocidade da luz e demorarão de 5 a 10 minutos a mais para atingir Madri ou Londres do que tardarão em chegar a Tallin ou Vilnius”, disse o secretário geral.
Rutte não especificou a quais tipos de mísseis se referia, mas a Rússia está se preparando para lançar os chamados Orenshiks — mísseis hipersônicos que atingem até dez vezes a velocidade do som e podem transportar ogivas nucleares.
E, segundo o presidente russo, Vladimir Putin, têm capacidade de alcançar todo o continente europeu, dependendo de qual ponto do território russo for lançado.
No ano passado, após lançar um míssil Orenshik na Ucrânia de forma experimental na Ucrânia, Putin disse que o artefato também pode conseguir driblar sistemas de defesa antimíssil.
“Os sistemas de defesa aérea atualmente disponíveis no mundo e os sistemas de defesa antimísseis criados pelos americanos na Europa não interceptam esses mísseis”, disse o líder russo na ocasião.
Reforço das fronteiras
Na sexta, a Otan anunciou planos para reforçar a defesa do flanco oriental da Europa, na primeira ação do tipo durante a guerra da Rússia na Ucrânia.
O reforço ocorre após a invasão de drones russos na Polônia, que Varsóvia classificou como uma tentativa da Rússia de testar as capacidades de resposta da Polônia e da Otan.
Durante o lançamento do plano emergencial, os EUA se juntaram aos aliados ocidentais em uma declaração para expressar preocupação com a incursão dos drones e acusar Moscou de violar a lei internacional e a Carta da ONU.
A Rússia alegou que suas forças estavam atacando a Ucrânia no momento das incursões dos drones e que não tinha a intenção de atingir alvos na Polônia.
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, chamou as incursões de “imprudentes e inaceitáveis”.
“Não podemos ter drones russos entrando no espaço aéreo dos aliados”, disse ele ao anunciar a operação de reforço, batizada de “Sentinela Oriental”.
A missão, que já começou na noite de sexta, envolverá uma série de recursos que integram bases aéreas e terrestres, entre os aliados que se comprometeram, incluindo Dinamarca, França, Reino Unido e Alemanha. Outros devem se juntar a ela, disse Rutte.
O principal oficial militar da Otan, o general da Força Aérea dos EUA Alexus Grynkewich, disse que a aliança vai defender cada centímetro de seu território.
“A Polônia e os cidadãos de toda a aliança devem estar seguros de nossa resposta rápida no início da semana e de nosso anúncio significativo aqui hoje”, disse Grynkewich na mesma coletiva de imprensa na sede da Otan em Bruxelas.
Grynkewich disse que a Sentinela Oriental foi projetada como uma operação flexível para reforçar as defesas ao longo de todo o flanco oriental da Otan, que se estende dos estados bálticos, ao norte, até a Romênia e a Bulgária, ao sul.
A Otan já tem forças substanciais no leste da Europa, com milhares de soldados. Não foi especificado quantas tropas adicionais estariam envolvidas na nova operação.
O anúncio detalhou um contingente modesto de recursos militares adicionais — dois caças F-16 e uma fragata da Dinamarca, três caças Rafale da França e quatro caças Eurofighter da Alemanha. O Reino Unido disse que vai fazer sua parte e detalhar sua contribuição em breve.
Em resposta ao comentário de Trump na quinta-feira (11) de que a incursão poderia ter sido um acidente, o primeiro-ministro polonês Donald Tusk respondeu no X: “Também gostaríamos que o ataque de drones à Polônia fosse um erro. Mas não foi. E nós sabemos disso.”
Trump disse em uma entrevista à Fox News na sexta que sua paciência com Vladimir Putin estava “meio que se esgotando e se esgotando rapidamente”, e neste sábado (13) propôs à Otan um novo pacote de sanções à Rússia.