A primeira pessoa a contrair Ebola na República Democrática do Congo em mais de 50 dias morreu, informou o governo na sexta-feira, encerrando as esperanças de que o segundo pior surto da doença na história poderia ter acabado.
O país da África Central planejava declarar o fim da epidemia no domingo, o que permitiria que seu serviço de saúde sobrecarregado se concentrasse em conter o coronavírus, que infectou 215 e matou 20.
O novo caso de Ebola, o primeiro desde 17 de fevereiro, era um homem de 26 anos na região de Beni, uma cidade no leste do Congo. Ele desenvolveu sintomas em 27 de março e morreu no hospital na manhã de quinta-feira, disseram autoridades regionais de saúde em comunicado.
O Ebola matou mais de 2.200 pessoas desde agosto de 2018 em uma área volátil do país, onde ataques rebeldes impediram os esforços para contê-lo. O país também está tentando combater uma epidemia de sarampo.
“Esta é agora uma emergência tripla: populações vulneráveis enfrentando crises humanitárias, a disseminação da Covid-19 e agora novamente uma potencial crise emergente do Ebola”, disse Kate Moger, vice-presidente regional do Comitê Internacional de Resgate para a região dos Grandes Lagos.
O Ebola causa febre, sangramento, vômito e diarreia e se espalha entre os seres humanos através de fluidos corporais. O atual surto matou cerca de dois terços dos infectados.
OMS EM ALERTA
A Organização Mundial da Saúde (OMS) previa que mais casos aparecessem no Congo e estava pronta para responder, disse o presidente da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
O principal especialista em emergências da agência, Mike Ryan, afirmou que as equipes de saúde no local continuam investigando 2.600 alertas de Ebola nas duas províncias afetadas do país.
“Coletamos milhares de amostras a cada semana e continuaremos com vigilância ativa”, declarou ele em entrevista coletiva.
Transmissões pontuais são comuns no final dos surtos de Ebola, e um novo caso não significa necessariamente que o vírus se espalhe fora de controle novamente.
O Congo sofreu 10 surtos do vírus desde que foi detectado pela primeira vez em humanos perto do rio Ebola em 1976. O maior ocorreu na África Ocidental entre 2013 e 2016 e matou mais de 11.000 pessoas.
Desta vez, duas novas vacinas tiveram um grande impacto na contenção do vírus, embora rebeldes islâmicos tenham impedido os profissionais de saúde de chegarem a algumas áreas onde o vírus se espalhou.
Fonte: Reuters.