O pesquisador de rejeitos radioativos Júlio Oliveira disse hoje que, mesmo com a possibilidade de uma guerra nuclear decorrer da disputa entre Rússia, Otan, Ucrânia e os EUA, é importável que os países controladores de bombas usem esses recursos.
“A possibilidade sempre existe desde que inventaram as primeiras bombas nucleares. Só Rússia e EUA controlam, cada um, 7 mil bombas —isso é o suficiente para destruir toda a vida na Terra várias vezes”, explica. “Quanto mais bombas existem, maior é o risco de ocorrer uma guerra nuclear. Acho improvável que uma guerra nuclear se inicie, não é do interesse de ninguém”, disse ao UOL News.
Até fevereiro de 2022, Rússia e os EUA tinham, juntos, 11.527 ogivas nucleares, sendo 5.977 do governo russo e 5.550 do governo norte-americano.
Os Estados Unidos mantêm armas nucleares na Europa desde a década de 1950 como parte do acordo firmado na criação da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Embora a organização não divulgue oficialmente a quantidade de armamentos, organizações estimam cerca de cem bombas atômicas B61 distribuídas entre cinco países.
A presença das bombas no continente tem sido utilizada pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, como justificativa para a mobilização do arsenal nuclear russo — ele alega atuar para se defender dos avanços da Otan.
No entanto, a movimentação preocupa a comunidade internacional pela possibilidade de um conflito nuclear diante da invasão à Ucrânia. Na assembleia da ONU, na terça-feira (1º), o chanceler russo Sergey Lavrov disse que os EUA são os responsáveis por criar um clima de insegurança e exigiu que as armas nucleares americanas sejam retiradas da Europa.
Segundo a FAS (Federação de Cientistas Americanos) e o Centro de Controle e Não Proliferação de Armas, há ao menos cem bombas nucleares americanas na Europa atualmente. Elas estão distribuídas por seis bases aéreas de cinco países da Otan da seguinte forma:
- 15 bombas em Kleine Brogel, na Bélgica;
- 15 bombas em Büchel, na Alemanha;
- 20 bombas em Aviano, na Itália 15 bombas em Ghedi, na Itália;
- 15 bombas em Volkel, na Holanda;
- 20 bombas em Incirlik, na Turquia.
Em fevereiro deste ano, a Otan explicou em comunicado que a presença de armas americanas em países europeus que integram a aliança é “para defesa coletiva”. O texto também observa que a aliança prevê o compartilhamento de armamentos entre os países membros.
“Para garantir a segurança de seus aliados, os Estados Unidos espalharam um número limitado de armas B61 em determinados locais da Europa; as armas estão sob custódia e controle dos EUA em total conformidade com o NPT (Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, na sigla em inglês)”, diz trecho do comunicado.
De acordo com o Centro de Controle e Não Proliferação de Armas, as ogivas estão desativadas e são mantidas em cofres subterrâneos, com códigos de acesso em posse apenas de americanos.
Ainda segundo o levantamento, em 1971, durante a Guerra Fria, o continente chegou a abrigar 7.300 armas nucleares.
Fonte: UOL.