A Nigéria ocupa a condição de país mais violento para os cristãos no mundo. Os dados da Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2025 garantem que 3.100 seguidores de Jesus foram mortos no país no período de pesquisa da LMP, entre 1 de outubro de 2023 e 30 de setembro de 2024. Isso indica que, em média, oito cristãos foram assassinados por dia por motivos relacionados à fé.
A violência persistente na Nigéria é impulsionada por uma combinação de fatores, que variam conforme a região. No Norte do país, grupos extremistas islâmicos, como o Boko Haram e o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP), agem para implantar um Estado islâmico baseado na interpretação radical da sharia (conjunto de leis islâmicas). No Nordeste, a violência e os sequestros são práticas comuns de grupos armados, enquanto, na região do Cinturão Médio, os ataques de extremistas entre o povo fulani geram conflitos em comunidades cristãs.
Essa onda de violência está se espalhando para o Sul da Nigéria, de maioria cristã, com incidentes causados por extremistas fulanis sendo relatados no Sudoeste e Sudeste do país.
Ataques em 2025
Entre janeiro e novembro de 2025, a equipe de campo da Portas Abertas contabilizou ao menos 27 ataques em diferentes estados da Nigéria. Ao menos 350 pessoas morreram durantes os incidentes violentos. Mas é provável que existam mais ataques e mortes que não foram registrados, devido à dificuldade de acesso às comunidades em áreas de domínio de grupos armados e extremistas. Veja a linha do tempo com os ataques de janeiro a maio.

Os seguintes ataques foram noticiados pela Portas Abertas.
Em 12 de janeiro, o grupo Boko Haram atacou as comunidades de Bamzi e Njilan e matou pelos menos dois cristãos em Chibok, estado de Borno. Uma igreja também foi incendiada na ocasião.
Em 24 março, três agricultores cristãos foram assassinados por extremistas fulanis enquanto cultivavam suas terras na vila de Dundu, no estado de Kogi. Três dias depois, extremistas fulanis mataram 11 cristãos durante um velório na comunidade de Ruwi, no estado de Rivers.
Em 2 de abril, cinco mulheres que participavam de um encontro na igreja COCIN (Igreja de Cristo nas Nações) foram mortas na vila de Tamiso, em Rivers. No mesmo dia, duas pessoas foram mortas na vila de Daf e em Hurti, estado de Plateau.
Em 6 de abril, a Vila de Pyakmula, no estado de Rivers, foi atacada e quatro pessoas foram assassinadas. No dia seguinte, três nigerianos foram mortos em um incendente na vila de Hwrra, também em Plateau. No mesmo estado, duas pessoas perderam a vida durante três ataques diferentes, no dia 8.
No dia 12 de abril, 31 pessoas foram enterradas em uma vala comum, juntamente com outros cinco menores de idade que foram queimados vivos, na vila de Hurti, no estado de Plateau. Na noite do dia seguinte, ao menos 43 pessoas foram assassinadas durante um novo ataque no local. Mas a imprensa local e uma testemunha garantiram que 49 corpos foram recolhidos. De acordo com moradores locais, extremistas fulanis foram os autores dos atentados.
Semanas depois, extremistas fulanis mataram mais de 40 pessoas ligadas à igreja de Makurdi, em Gwer West, no estado de Benue. No estado de Taraba, jihadistas mataram pelo menos 42 pessoas, 24 delas eram membros da congregação metodista. Na ocasião, o líder cristão Oliver Ortese testemunhou: “Isso é horror, isso é terror. Você não consegue imaginar a realidade em que vivemos aqui”.
Em 24 de maio, homens armados invadiram um enterro coletivo e assassinaram 42 pessoas antes do meio-dia em Plateau. Um soldado que participou do resgate reconheceu: ”Isso vai além de tudo o que já vimos”.
Entre os dias 8 e 14 de junho, 218 cristãos foram mortos em pelo menos seis ataques no estado de Benue, incluindo o ataque à aldeia de Yelewata. Militantes islâmicos entre o povo fulani atacaram a aldeia à noite, de vários lados ao mesmo tempo.
No mês de julho, dois evangelistas que visitavam a comunidade de Gwon foram mortos em um ataque de extremistas. “Eles abriram fogo e mataram duas pessoas. Houve muitos disparos contra a comunidade até que a força-tarefa militar e membros da vigilância repeliram os agressores, que recuaram”, contou uma testemunha.
Em agosto, novos sequestros em massa voltaram a acontecer. Em um dos casos, rebeldes islâmicos invadiram um vilarejo, matando 11 pessoas e sequestrando mais de 50. No vídeo publicado nas redes sociais de um militante islâmico, um jovem refém lendo um texto disse: “Só no nosso acampamento há 150 pessoas. Em outros, há mais de 200 reféns.”
Ainda em agosto, no dia 11, outro ataque em Yelewata deixou três pessoas mortas, gerando protestos da população local pedindo por paz e justiça. Os ataques nesse vilarejo aconteceram com menos de dois meses de diferença.
O que acontece com os cristãos sobreviventes de ataques na Nigéria?
Os sobreviventes dos ataques extremistas na Nigéria costumam fugir de suas comunidades para sobreviver a futuros incidentes. No período de pesquisa da LMP 2025, 100 mil cristãos foram obrigados a se deslocar e agora vivem em campos de deslocados sem alimentação, moradia, acesso a cuidados de saúde e educação.

Os sobreviventes dos ataques violentos na Nigéria vivem e lutam diariamente para ter o que comer em campos de deslocados do governo e clandestinos
Além disso, convivem com a perda de familiares e amigos durante os ataques e enfrentam traumas resultantes de sequestro, abuso sexual, saques e destruição de todos os bens que possuíam. É comum que os sobreviventes sejam diagnosticados com transtorno de estresse pós-traumático, ansiedade, depressão e outros problemas de saúde mental. Muitos cristãos relatam o enfraquecimento da fé e a sensação de serem abandonados por Deus e pela família da fé.
Como a Portas Abertas apoia cristãos sobreviventes de ataques na Nigéria?
Além de mobilizar a igreja global em oração, a Portas Abertas apoia os cristãos sobreviventes de ataques por meio de parceiros e igrejas locais. As principais áreas de atuação incluem ajuda emergencial nas necessidades básicas, como alimentação, roupas e reconstrução de moradia e igrejas.

Cristãos deslocados receberam apoio com alimentação para sobreviver enquanto estão em acampamentos improvisados na Nigéria
Os seguidores de Jesus também recebem cuidados médicos e pós-trauma, aconselhamento pastoral, discipulado e treinamento. Outra maneira de apoiar os sobreviventes é por meio de projetos de geração de renda, nos quais aprendem uma profissão e recebem ajuda para abrir negócios para sustentar suas famílias.
Perguntas Frequentes
Quantos cristãos morreram nos ataques na Nigéria em 2025?
Entre janeiro e novembro de 2025, ao menos 350 pessoas morreram em ataques violentos na Nigéria. A equipe de campo da Portas Abertas acredita que o número real pode ser ainda maior, devido à dificuldade de acesso às áreas controladas por grupos armados.
Quem são os responsáveis pelos ataques a cristãos na Nigéria?
Os ataques a cristãos na Nigéria são realizados principalmente por grupos extremistas islâmicos, como o Boko Haram, o ISWAP (Estado Islâmico da Província da África Ocidental) e militantes do povo fulani. Esses grupos atuam em diferentes regiões do país, com o objetivo de impor a sharia e promover o terror religioso.
Como os ataques a cristãos se espalharam pelas regiões da Nigéria?
Os ataques a cristãos concentram-se principalmente no Norte, Nordeste e Cinturão Médio da Nigéria, mas têm se espalhado para o Sul do país, incluindo regiões como o Sudoeste e o Sudeste. Essa expansão tem atingido inclusive áreas de maioria cristã, ampliando o impacto da violência.
O que acontece com os cristãos que sobrevivem aos ataques na Nigéria?
Muitos cristãos sobreviventes fogem de suas comunidades e passam a viver em campos de deslocados, sem acesso à alimentação, moradia, saúde ou educação. Além disso, enfrentam traumas como perdas familiares, abusos, sequestros e destruição de seus bens, desenvolvendo frequentemente transtornos como estresse pós-traumático e depressão.
Como a Portas Abertas ajuda os cristãos afetados pelos ataques na Nigéria?
A Portas Abertas atua por meio de parceiros locais oferecendo: ajuda emergencial, alimentos, roupas, reconstrução de casas e igrejas, atendimento médico, cuidados pós-trauma, discipulado e projetos de geração de renda, nos quais cristãos aprendem uma profissão e recebem apoio para reconstruir suas vidas após os ataques.
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