A condução de orações por um ministro israelense na mesquita de Al-Aqsa, no dia 3 de agosto em Jerusalém, reacendeu tensões entre israelenses e palestinos.
Importância religiosa
Um espaço dividido de fé. O local, localizado em Jerusalém Oriental, vive sob equilíbrio de regras de acesso e culto desde a ocupação israelense em 1967. É reverenciado também por judeus, que chamam o local de “Monte do Templo”.
Terceiro local mais sagrado do Islã. “A mesquita de Al-Aqsa faz parte de um complexo religioso considerado o terceiro local mais sagrado do Islã, depois de Meca e Medina”, explica Ana Karolina Morais, doutoranda em Relações Internacionais pelo IRI-USP e pesquisadora do NUPRI/USP.
Significado histórico para muçulmanos. A pesquisadora lembra que a mesquita está associada à “viagem noturna e de ascensão que o profeta Maomé fez” e que, em um período histórico, “ela foi a primeira direção de oração dos muçulmanos”.
O status religioso e a administração
Acordo firmado após a ocupação de 1967. Segundo Ana Karolina, “após a ocupação israelense de Jerusalém Oriental em 1967, Israel ficou responsável pelo policiamento do local, mas ficou acordado que muçulmanos teriam culto e acesso prioritários”.
Administração pela Jordânia. “Essa região, hoje, é administrada pela Jordânia, como são todos os territórios sagrados dos muçulmanos nessa região”, diz.
Visitação permitida, oração restrita. “Não-muçulmanos podem visitar a mesquita, mas apenas os muçulmanos têm a liberdade garantida de conduzir orações nessa região.”
O status quo da mesquita de Al-Aqsa é um acordo informal que estabelece que a Jordânia administra os assuntos internos da mesquita, e Israel controla a segurança externa. Também estabelece que não-muçulmanos podem visitar o local, mas não podem rezar. Esse acordo foi estabelecido após 1967, quando Israel ocupou Jerusalém Oriental, incluindo o local onde está a mesquita.
Ana Karolina Morais, doutoranda em Relações Internacionais pelo IRI-USP e pesquisadora do NUPRI/USP.
Por que o episódio do dia 3 de agosto gerou reação
Quebra do status quo. “No dia 3 de agosto, um ministro israelense conduziu orações no local, e qualquer povo não-muçulmano está proibido pelo status quo de rezar nessa localidade”, explica Ana Karolina.
Repercussão no mundo árabe. “Toda vez que Israel acaba fazendo um desses movimentos, […] eles acabam provocando mais reações do mundo árabe”, afirma.
Um conflito que simboliza a disputa territorial
Disputa vai além da religião. “A postura israelense nesse episódio é de afrontar justamente o status quo religioso que foi designado para essa mesquita”, pontua a pesquisadora.
Questão ligada à ocupação de 1967. “Do ponto de vista palestino, é um território ocupado desde 1967, e nesse sentido sempre foi palco de conflitos.”
Há solução para o impasse?
Dificuldade de resolução isolada. “Se vai existir uma solução em torno desse tipo de conflito, é muito difícil responder, porque depende justamente do conflito maior que se desenrola entre árabes e judeus nesse território”, analisa a pesquisadora.
Fonte: UOL.