A Grã-Bretanha, os EUA, a França e a Alemanha disseram à agência nuclear da ONU que o Irã deve esclarecer as questões remanescentes sobre o seu programa nuclear ou enfrentará novas ações contra ele.
No entanto, os quatro países disseram que uma resolução da Agência Internacional de Energia Atómica sobre o assunto só seria necessária se os iranianos não cumprissem.
“O Irã não pode continuar a falhar no cumprimento das suas obrigações de salvaguardas legais”, afirmou o grupo de quatro países numa declaração quarta-feira ao conselho da AIEA, que se reúne em Viena. “Pedimos ao Irã que aja sem demora para esclarecer e resolver todas as questões pendentes.”
Entre as questões em causa estão a reinstalação de câmaras de monitorização da AIEA que Teerã retirou das suas instalações nucleares conhecidas e a explicação da presença no Irão de partículas de urânio enriquecidas até um nível próximo do nível de armamento.
“Se o Irã não conseguir implementar as ações essenciais e urgentes… o Conselho terá de estar preparado para tomar novas medidas… para responsabilizar o Irã no futuro, incluindo a possibilidade de uma resolução”, afirmou o comunicado.
O quarteto observou que já se passaram mais de quatro anos desde que material nuclear não declarado foi encontrado em locais não declarados no Irã e que em Novembro de 2022 a AIEA decidiu que é “essencial e urgente” que o Irã esclareça as questões.
Os países disseram que o Irã deve fornecer “sem mais demora, informações tecnicamente credíveis” sobre material nuclear e equipamento contaminado encontrados em locais em Turquzabad e Varamin.
Sem tais explicações, afirma o comunicado, a AIEA não será capaz de fornecer garantias de que o programa nuclear do Irã “é exclusivamente pacífico”.
“O Irã persiste na sua recusa deliberada de se envolver seriamente com a Agência”, afirmou.
Na segunda-feira, o diretor da AIEA, Rafael Grossi, lamentou que tenha havido uma “diminuição de interesse” por parte dos estados membros da AIEA em relação ao programa nuclear do Irão, sem nomeá-los.
Os comentários seguiram-se ao abrandamento das tensões entre o Irã e os Estados Unidos, que anunciaram uma troca de prisioneiros no mês passado.
“Estamos cientes de que existe uma espécie de processo bilateral. Fomos informados pelos Estados Unidos sobre isso. Mas quando se trata da parte nuclear, não está claro o que está sendo discutido”, enfatizou Grossi na época.
Na semana passada, a AIEA afirmou em relatórios confidenciais vistos pela AFP que o Irã “não fez nenhum progresso” em várias questões nucleares pendentes.
Em 2015, as principais potências mundiais chegaram a um acordo com o Irã, segundo o qual Teerão reduziria o seu programa nuclear em troca do alívio das sanções económicas paralisantes.
Isso começou a desmoronar em 2018, quando o então presidente dos EUA, Donald Trump, retirou-se unilateralmente do pacto e reimpôs sanções. Teerã, por sua vez, intensificou o seu programa nuclear.
Os esforços para relançar o acordo têm sido infrutíferos até agora.
O Irã sempre negou qualquer ambição de desenvolver uma capacidade de armas nucleares, insistindo que as suas actividades são inteiramente pacíficas.