O espectro do novo confronto entre Pyongyang e Washington paira sobre as reuniões entre China, Japão e Coreia do Sul nesta semana, com riscos crescentes.
O presidente sul-coreano Moon Jae-in e o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe devem se reunir com o presidente chinês Xi Jinping separadamente nesta segunda-feira. Em seguida, eles viajam para a cidade de Chengdu, no sudoeste do país, para uma reunião trilateral com o primeiro-ministro chinês Li Keqiang. Embora se deva discutir várias questões econômicas, a Coreia do Norte parece dominar a agenda.
Pyongyang ficou cada vez mais frustrado por sua interrupção nos testes nucleares e de longo alcance de mísseis não ter encerrado as sanções econômicas contra ele. A Coreia do Norte estabeleceu um prazo para 31 de dezembro para os Estados Unidos fazerem concessões, mas Washington não se moveu.
Alguns especialistas acreditam que a Coreia do Norte pode estar pronta para testar um lançamento de míssil balístico intercontinental em breve, o que provavelmente encerraria o acordo de 2018 firmado por seu líder, Kim Jong-un, e pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
“Proteger a estabilidade e a paz da península coreana e pressionar por uma solução política para a questão da península coreana são do interesse da China, Japão e Coreia do Sul”, afirmou o vice-ministro de Relações Exteriores da China, Luo Zhaohui, a repórteres na quinta-feira em um briefing sobre o encontro trilateral.
O enviado especial dos EUA para a Coreia do Norte, Stephen Biegun, se reuniu com dois diplomatas chineses durante sua visita de dois dias a Pequim nesta semana, após reunião semelhante na Coreia do Sul e no Japão dias antes, enquanto diplomatas fazem tentativas de última hora para impedir novos confrontos.
A Coreia do Norte ainda não respondeu à sua chamada pública para retomar o diálogo.
“O silêncio, mesmo depois do discurso da Biegun em Seul, me preocupa”, afirmou Jenny Town, editora-gerente do site de monitoramento da Coreia do Norte, o 38 North, no Twitter.
Pequim, juntamente com a Rússia, propôs na segunda-feira que o Conselho de Segurança das Nações Unidas suspenda algumas sanções no que chama de tentativa de romper o impasse atual e busque obter apoio. Mas não está claro se Pequim pode convencer Seul e Tóquio a romper com Washington, o que deixou clara sua oposição e pode vetar qualquer resolução.
Embora a Coreia do Sul veja a China como fundamental para reavivar as negociações, até agora evitou perguntas sobre se apoia a nova proposta de Pequim e Moscou. O Japão, que historicamente tem sido um firme defensor das sanções contra a Coréia do Norte, também se absteve de comentar a proposta.
“Com as Olimpíadas de 2020 chegando, a Coreia do Norte enlouqueceria seria um problema para o Japão”, declarou Narushige Michishita, professor do Instituto Nacional de Pós-Graduação em Estudos Políticos do Japão.
“Mas as negociações bilaterais com a Coreia do Norte, por exemplo, provavelmente serão uma abordagem melhor para o Japão do que facilitar as sanções da ONU”, concluiu.
Fonte: Sputnik.