O presidente Vladimir Putin da Rússia deu ordens nesta sexta-feira (11) para que seu exército facilite o envio de combatentes voluntários, incluindo sírios, para a Ucrânia.
Segundo o presidente, a medida seria uma resposta à chegada ao país vizinho de mercenários de países ocidentais.
“Se vocês virem pessoas que queiram ir voluntariamente, e não por dinheiro, para ajudar as pessoas que vivem no Donbass (região leste da Ucrânia), vocês têm que abordá-las e facilitar para elas a forma de chegar à zona de combate”, disse Putin, respondendo a uma proposta de seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu.
De acordo com o presidente, isso se justifica, porque “os sócios ocidentais do regime ucraniano nem sequer se escondem” e reúnem abertamente “mercenários de todo mundo para enviá-los para a Ucrânia”.
A Ucrânia anunciou a criação de uma legião de estrangeiros voluntários integrada às suas Forças Armadas para combater os militares russos em seu território.
Paramilitares
Há anos, a Rússia é acusada de recorrer a paramilitares privados, como os do grupo Wagner, e de implantá-los em territórios de conflito como a Síria, a República Centro-Africana, ou o Mali.
O governo russo também é acusada de ter formado, desta maneira, a rebelião separatista armada pró-Rússia no Donbass ucraniano em 2014.
O ministro Shoigu “disse, acima de tudo, que a maioria dos que querem e pediram (para ir combater) são cidadãos de países do Oriente Médio, são sírios”, especificou o porta-voz do governo russo, Dmitri Peskov.
A Rússia fornece apoio militar considerável ao governo sírio desde o outono de 2015, apoiando suas forças contra rebeldes e jihadistas, salvando, “de facto”, o poder de Bashar al-Assad, que agora já controla a maior parte do território.
“Se o mundo ocidental é tão entusiasta da ideia de que venham mercenários diversos e variados, então, do nosso lado, também temos voluntários que querem participar”, afirmou Peskov, acrescentando que não se trata de enviar combatentes voluntários russos para o terreno.
Armar forças separatistas do leste
Putin disse ainda ao ministro Sergei Shoigu que apoia sua ideia de fornecer às forças separatistas do leste o armamento apreendido da Ucrânia, “especialmente o que for de fabricação ocidental”.
Além disso, o presidente pediu a seu ministro da Defesa que lhe proponha destacamentos militares na fronteira ocidental da Rússia, em resposta à movimentação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) na Europa Oriental.
“Em relação ao reforço das nossas fronteiras ocidentais, devido às ações tomadas pelos países da Otan, isso precisa ser estudado. Peço-lhe que me prepare um relatório”, disse Putin ao ministro Shoigu, durante uma reunião televisionada de seu Conselho de Segurança.
Os países da Otan mobilizaram milhares de militares na Europa Central e Oriental em reação à intervenção militar da Rússia na Ucrânia, enquanto a Rússia exige exatamente o oposto: a retirada da Aliança Transatlântica.
Entre os países-membros da Otan, Polônia e três Estados bálticos fazem fronteira com a Rússia. A Ucrânia é, por sua vez, limítrofe com outros Estados-Membros: Hungria, Romênia e Eslováquia.
Uma das justificativas russas para a ofensiva na Ucrânia é o temor de que este país se junte à Aliança Atlântica, cujas ampliações sucessivas foram percebidas por Moscou como uma ameaça existencial.
Avanço em negociações
Putin disse também que houve algum progresso nas negociações de Moscou com a Ucrânia, mas não forneceu detalhes.
“Há certas mudanças positivas, dizem-me os negociadores do nosso lado”, disse Putin em uma reunião com seu homólogo belarrusso, Alexander Lukashenko. As conversas continuaram praticamente todos os dias, segundo o líder russo.
Putin não elaborou, mas disse nos comentários transmitidos pela TV que iria entrar em mais detalhes com Lukashenko.
Fonte: G1.